Este fim-de-semana foi, para mim, rico em "experiências sociais"!
Ontem fui à Baixa de autocarro e como senti que estava com frio e a janela ao lado do lugar onde me sentei estava aberta fechei-a. No banco atrás de mim ia um jovem daqueles que agora se usam, a fazer cara de imbecil para parecer aos outros que é mau como as cobras e que se pôs com apartes dizendo, "estás armado em parvo, a fechar a janela por isso agora vou-te chatear até sair". E assim foi a viagem toda. Quando me levantei para sair o jovem lá abre a janela e pôs-se, em voz alta para que todo o autocarro o ouvisse, a mandar-me para aquilo que ele nem deve saber usar. Limitei-me a virar para ele e fazer-lhe o gesto de silêncio. Lá ficou a oferecer-me porrada, única coisa que ele, coitado, deve poder oferecer nesta época de dádivas.
Hoje recebemos um telefonema que começou logo com um "de onde fala?". "É de Xabregas", respondeu-se de cá. "Deseja falar para onde?", continuamos. "Se não é para onde eu quero falar para que é que lhe vou dizer isso?". E desligou.
Sociologicamente estes dois casos, tão banais quanto os interlocutores com que tive que gramar, revelam o caos a que as relações inter-pessoais chegaram em Portugal. Não se conhecem ou se usam as mais básicas regras de educação, as quais são, a meu ver, a base de qualquer civilização que se preze. Mas revelam também o estado de boa parte das famílias portuguesas, que tirando fabricar rebentos, pouco ou mesmo nada fazem pelas crias que vão parindo ficando, assim, estas pobres personagens numa situação em que pensam que o mundo está todo contra elas, quando, na realidade, elas é que vivem de costas para o mundo.
Assim iremos longe!
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