terça-feira, 28 de outubro de 2008

Por que gostam tão pouco de Xabregas?




Com a história do aumento do Terminal de Contentores de Alcântara apareceram logo vozes a críticar tal obra, devido ao tremendo impacto visual que um terminal daquelas dimensões teria. Aparentemente, essas mesmas "vozes" avançavam como alternativas a Trafaria e/ou o Terminal de Contentores de Santa Apolónia. Para os que não sabem, este último terminal não se situa em Santa Apolónia (apesar do nome), mas em Xabregas. Fiquei foi sem perceber por que razão o tal impacto visual não é tão forte em Xabregas ou na Trafaria como o será em Alcântara. Vivo em Xabregas numa casa virada para o rio e da minha janela vejo toda a margem sul do Tejo desde Cacilhas até para lá de Alcochete. Mais ao longe vejo Palmela e a Serra da Arrábida, deslumbrante nos dias de céu limpo. Será que um terminal como o que se pretende para Alcântara não iria destruir toda esta paisagem?
Para além da paisagem existe também o aspecto ambiental da coisa. A quantas centenas de metros fica a habitação mais próxima do terminal de Alcântara? E em Xabregas? Não sabem? Vejam as imagens tiradas do Google Earth e que anexo a este post. A escala é a mesma nas duas imagens. A amarelo estão os terminais, a vermelho a primeira linha de casas de habitação.
Mas esta história do terminal de contentores não é única em Xabregas. Alguém me consegue explicar qual o motivo para que tenha sido esta a zona escolhida para "esconder" os drogados de Lisboa? Sim, o que se fez ali quando se criaram centros de atendimento e apoio a drogados foi mesmo escondê-los do resto da cidade, já que naquela zona não havia anteriormente problemas dessa natureza. Porque não usaram os armazéns situados na zona das docas de Alcântara e que, por acaso, nessa altura até estavam abandonados? Até ficava mais perto do Casal Ventoso!
Por isso, às "vozes" que se levantam contra o aumento do Terminal de Contentores de Alcântara e o empurram para Xabregas, lembrem-se que:
  1. Ali também há gente
  2. Ali também é Lisboa
  3. Ali também se ama a cidade
E a ver se, de uma vez por todas, começam a tratar toda a zona oriental e quem lá mora e trabalha com o mesmo respeito com que se tratam outras zonas.

sábado, 25 de outubro de 2008

País de...

Não li a notícia. Só consegui ler uma legenda da foto que acompanhava a notícia e passei-me. As obras de enchimento de areia das praias da Caparica estão atrasadas. E porquê? Segundo a tal legenda devido à forte ondulação que se tem feito sentir (compreende-se e aceita-se) e por causa do Campeonato de Surf. Como?! Importam-se de repetir? Por causa do campeonato de surf? Começaram as obras em plena época balnear para aproveitar o bom tempo, o que causou transtornos a muitos veraneantes, mas a explicação dada na altura (aproveitar o bom tempo), era mais que aceitável. E agora param essa obra para não prejudicar os surfistas?
Que raio de país é este que pára uma obra destas por causa do campeonato de surf, ou fecha a Avenida da Liberdade durante um fim-de-semana por causa de uma campanha publicitária de uma marca de automóveis, tal como havia sido feito há uns meses na Praça das Flores, mas aqui durante um mês, e para os mesmos fins?
Isto já está tudo vendido e ninguém deu por nada.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Continuação das memórias

Quando escrevi o "Coisas de outros tempos" perguntaram-me se eu ainda me lembrava dos autocarros de 2 pisos. Então não haveria de me lembrar? Não sei se me lembro deles por estar a ficar velho (ou já estarei velho?) ou se por eles terem durado até muito tarde (prefiro a segunda opção).
Na altura respondi que os AECs de cabine à frente andaram na minha zona em serviço regular na carreira 39 até Dezembro de 1987, tinha eu 15 anos. Nessa altura, quando a carreira 39 foi automatizada, foram substituídos pelos Daimler, ainda de 2 pisos, mas com um desenho e construção mais modernos, com motor atrás, o que permitia o aumento da altura útil dos autocarros, já que deixava de haver veio de transmissão a percorrer quase todo o autocarro até ao eixo traseiro. Estes andaram em serviço regular na 39 até 1993 ou 1994. Tanto uns como outros ainda circularam mais uns tempos depois de sairem do serviço regular como reforço de algumas carreiras às horas de ponta.
Quando andava na universidade e vinha das aulas, já o 39 ia apenas até aos Restauradores, os autocarros que estavam geralmente "à minha espera" no terminal eram o 837 e o 838. Foi para mim uma emoção quando, da primeira vez que visitei o Museu da Carris, revi o 837. Aquele era um dos "meus" autocarros! Subi logo para o autocarro (apercebendo-me imediatamente daquele estribo partido) e fui para o piso de cima, segundo banco a contar da escada, do lado do motorista. Era esse o "meu" lugar.
Durante os quase 3 anos que estes autocarros fizeram o percurso entre Marvila e os Restauradores existiu um tronco de uma árvore no primeiro acesso entre a faixa lateral e a central da Avenida da Liberdade onde os autocarros invertiam para voltar a Marvila e que ficava, invariavelmente, no caminho dos autocarros. De tal forma a pancada era forte que a maioria dos autocarros que andavam na 39 tinham o tejadilho do lado direito algo amarrotado. Era engraçado quando entravam não-habitués no 39 e iam logo para os lugares da frente do piso de cima. Quando o autocarro dava a cacetada no tal tronco encolhiam-se todos e numa ocasião chegaram a sair daquele lugar e foram mais para trás! Aquele tronco acabou por ser cortado para facilitar a curva aos autocarros poucas semanas antes deles serem substituídos pelos Volvos B59s (os "laranjas").
Andar naqueles autocarros era giro. As últimas viagens do 39 antes da recolha eram uma festa, com o autocarro a percorrer a mal empedrada Infante Dom Henrique pela faixa da esquerda a ultrapassar tudo e todos. Quem viajava lá em cima mesmo sentado tinha que se agarrar bem! Depois havia as curvas de Xabregas para entrar e sair da Rua da Manutenção. Nunca "peguei" num autocarro daqueles, mas pelo esforço demonstrado pelos motoristas para virarem a direcção naquelas curvas via-se que ela não era nada leve. Para compensar tinham uma caixa semi-automática muito útil nas reduções quando era para "travar a sério"!
No Verão os AECs tinham sempre o problema de aquecimento do motor. Em todos os pontos onde havia expedidores da Carris lá havia o famoso "regador" de folha em cor verde para meter água naqueles sequiosos motores. Para abrir a tampa muitas vezes era usada a chapa do autocarro (aquela plaquinha de madeira que tinha o número da carreira seguido do número daquele autocarro naquela carreira. Actualmente são em acrílico). Assim que se abria a tampa saía logo de lá uma torrente de água borbulhante.
Quanto aos Daimlers, no final da sua vida alguns já estavam tão mal tratados que quando paravam nas paragens chegavam a ir abaixo (coisa incrível para um motor díesel).
Quando era mais novo, usei o 39 algumas vezes entre S.Mamede e Xabregas. Adorava descer a Barata Salgueiro sentado no banco da frente do piso de cima. Aquela rua tem uma tal inclinação que durante uns segundos deixavamos de ver estrada à nossa frente. Era uma sensação estranha, pelo menos naquela altura (quer de idade quer de estatura). Talvez se eu fosse mais alto naquela época a sensação seria outra.
Ficaram também outras coisas curiosas para trás como as paragens obrigatórias, existentes tanto para eléctricos como para autocarros no início de descidas muito inclinadas, sendo as mesmas usadas para, nos eléctricos, accionar o freio de calço ao carril (aquela grande roda que os guarda-freios se punham a rodar antes de se começar a descida) ou, nos autocarros, ser obrigatoriamente engatada a 1ª.
Mesmo nos "novos", nos Volvos, havia coisas de que pouca gente se lembra, mas que eu ainda me lembro. Quem se lembra do cobrador nesses autocarros? Tinha direito a lugar sentado, no banco que ficava por cima da roda dianteira direita, virado para a coxia. Até tinha uma pequena "bancada" onde guardava os bilhetes e o dinheiro. Mais tarde, com a automatização das cobranças, essa bancada desapareceu e aquele banco passou a ser mais um lugar sentado para os passageiros.
Coisas de quando era (mais) novo...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sessão de esclarecimentos

Às vezes tem mesmo que ser. Às vezes só mesmo com uma sessão de esclarecimentos é que as coisas ficam, precisamente, esclarecidas.
Quando eu digo que não gosto de sair à noite não o digo por ou para ser chato. Digo-o porque real e actualmente não gosto de sair à noite. Acho a noite agressiva, pouco apelativa e completamente afastada da minha maneira de ser. E não é só por gostar de me deitar cedo. É mesmo porque já não me sinto bem andar fora de casa à noite. Se é medo? Talvez. Mas, por favor, não levem a mal nem se ponham a gozar quando eu digo que não gosto de sair à noite.
Passa-se o mesmo com a comida indiana (e respectivos restaurantes). Quando digo que não gosto ou não quero não é por uma questão xenófoba ou qualquer coisa assim. Não. Digo-o porque realmente não gosto daqueles sabores. E também o digo porque, além de não gostar do sabor, aquela comida causa-me sempre muita azia, seja ou não picante. Por isso, não gostando eu do sabor daquela comida, para quê andar a martirizar os meus estômago e esófago? Ainda se fosse uma tomatada, que me trabalha sempre no estômago, a coisa ainda ia, porque aí o paladar, o aroma e o prazer que tudo isso me dá compensa, e muito, a digestão difícil que se segue (e sim, eu escrevi TOMATADA e não vou chamar molho de tomate à tomatada porque tenho sangue alentejano e no Alentejo come-se tomatada!). Por isso, dêem-me um prato de tomatada, dêem-me um bife da Portugália e respectivo ovo, e batatas fritas, e molho e, claro, cervejola, que eu comerei tudo isso com prazer, mesmo que a seguir ingira 6 frascos de sais de frutos. Mas não me façam comer comida indiana.
Comida italiana. Pizzas até marcham. Agora massas e lasanhas... São como a comida indiana. Dêem-me antes meia dúzia de farturas (com mais uma de oferta, pague 6 leve 7) que eu as comerei que nem um alarve. Claro que depois fico com uma crise de figadeira daquelas, mas o prazer que me deu besuntar-me todo nas farturas já ninguém mo tira!
Estão esclarecidos?
OK. Boa noite a todos, que já passa das 22 e eu ainda tenho que ir arrumar a mochila da natação para amanhã.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Coisas de outros tempos

Numa noite destas, em que o cansaço abundava, mas o sono teimava em não aparecer, fiquei, como é normal nestas alturas, a pensar em coisas diversas e dei comigo a recordar-me da Lisboa que eu conheci quanto era miúdo e que desapareceu ou quase.
Uma das coisas de que me recordei foi de expressões que eu ouvia muito em criança e em adolescente e que não oiço há muito tempo. Todas elas, ou quase, tinham "nascido" com os eléctricos e, tal como estes, quase desapareceram do vocabulário lisboeta, trocadas pelos bués e outras coisas assim.
Quem é que ainda hoje usa o "vai a 9" para se referir a alguém ou alguma coisa que vai muito depressa (ou, como se diz agora, com "bué da speed")? Este "vai a 9" teve origem nos 9 pontos dos controllers (reguladores de velocidade) que equipavam a maioria dos eléctricos da Carris (havia outros modelos com menos pontos). O 9º ponto correspondia à velocidade máxima. Nunca mais ouvi ninguém dizer este "vai a 9".
Outra que nunca mais ouvi foi o "levado da breca", que é como quem diz, "é tramado". O que é a breca? A breca é uma aportuguesamento do break inglês e este break era simplesmente o disjuntor dos eléctricos. Quem andou nos antigos eléctricos da Carris lembra-se com toda a certeza daquela caixa preta que ficava no tecto das plataformas mesmo por cima dos guarda-freios. Essa caixa era o disjuntor do eléctrico e sempre que o guarda-freio metia mais potência nos motores do que a que devia o resultado era certo: um estouro do disjuntor de ensurdecer todos os que viajavam naquela plataforma. E lá se ia a breca! Recordo-me de uma dessas ocasiões, na Rua da Prata, ia eu com a minha irmã. O eléctrico entrou na Rua da Prata e só parou no primeiro semáforo. Daí para a frente foi sempre a andar sem parar e sem tirar pontos. Só me lembro de ter dito à minha irmã qualquer coisa como ou "vai estoirar" ou "tapa os ouvidos" (aqui a memória varreu-se-me) e BANGUE, lá se foi a breca. Ela saltou do banco e quando "aterrou" perguntou-me "como é que sabias?". Fácil. O barulho de um motor daqueles em sobrecarga era bem característico!
Havia ainda expressões que para mim sempre foram um enigma, e que nunca entendi o porquê da sua existência. Uma delas era o "tlim-tlim, Xabregas". Porquê Xabregas? O "tlim-tlim" sei o que é: é uma onomatopeia para o som da campaínha do eléctrico. Quando os condutores (nome que se dava aos cobradores) davam o sinal de estar tudo em condições para continuar viagem puxavam duas vezes o cordão de couro que ligava à campaínha, fazendo assim o característico "tlim-tlim". Incialmente isto acontecia em todos os eléctricos, mas eu já sou da época em que só nos eléctricos com reboque é que isso se fazia. Fica por explicar o porquê do "Xabregas" e não outra zona qualquer.
Uma das coisas mais características da Carris desses tempos (que não estão assim tão longe quanto isso) era o famoso "Ssssanta Apolónia" que os condutores gritavam sempre que o autocarro (curiosamente não me lembro disso nos eléctricos) chegava à paragem que servia a estação. Os "sss" que eu coloquei a mais em Santa têm a sua razão de ser: eles diziam aquilo de uma maneira que parecia que faziam sempre um compasso de espera entre o "S" e o "anta", soando aquela sílaba mais prolongada que as restantes. Naquela época ainda havia muita gente a viajar de comboio entre Lisboa e a terrinha e sempre bem carregados de todo o tipo de bagagens. Era um pavor nos dias em que se passava em Santa Apolónia poucos minutos depois da chegada de um comboio. Primeiro que se saísse dali...
E como isto é exactamente como as cerejas, passei rapidamente das expressões para os hábitos. Lembrei-me daquele entroncamento da Cç. Cruz da Pedra, Rua Nélson Barros e Rua da Madre de Deus, onde os eléctricos da carreira 16 (com reboque) usavam as agulhas do entroncamento para inverter a sua marcha, com uma complicada manobra, atendendo ao restante trânsito, que implicava uma marcha-atrás em pleno cruzamento!
E pelo meio ainda havia os "putos da Patrício Prazeres" que, como eu, aproveitavam a baixa velocidade dos eléctricos naquele ponto para atravessarem o cruzamento, caminhando ao lado dos mesmos. Ai se os nossos pais adivinhassem...!
Estou a ver que estou muito saudoso. Estarei a ficar velho?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Massagens chinesas

Tenho andado aflito do meu ombro direito, sequelas da luxação que sofri em Setembro do ano passado. Tenho também andado com dores na coluna, na região lombar, dores essas que estão a desenvolver-se numa ciaticazinha de me fazer prender a perna!
Várias pessoas me sugeriram massagens chinesas. Todas elas já lá foram, todas se deram bem e por isso, pensei eu, o que me custa tentar? Acabei por lá ir na sexta-feira da semana passada.
A experiência foi péssima e uma desilusão total. Sabia que ia sair de lá todo dorido, mas nunca pensei que as dores na região lombar se propagassem também à região cervical, nem que o problema no ombro acabasse numa associação com um torcicolo duplo e um braço cheio de nódoas negras e de tal forma magoado que até a esponja do banho me magoava! Tenho passado uma semana terrível e no emprego passo o tempo a levantar-me pois a minha coluna não aguenta muito tempo aquela cadeira pavorosa que a minha entidade patronal me disponibilizou.
A sessão começou com uma consulta normal em que expliquei as minhas queixas. Seguiu-se a parte "física". Quem me massajava só me falava em "energias" e indicava-me locais onde se sentiam uns "altos" e onde eu sentia, invariavelmente, dor. Ao fim de um tempo de massagem começou a repetir várias vezes "o calor que está a sair. Isto é da energia acumulada". Na minha ignorância apenas conseguia pensar que todo aquele calor só poderia ser provocado por aquela "estranha" associação de factores que foi ter tido uma aula de natação (40 minutos em que faço sempre entre 1100 a 1300 metros), mais o duche e por fim toda aquela "massajação". Claro que o calor "energético" que o meu corpo emanava teve o condão, na altura, de me fazer passar pelo sofrimento sem sentir grandes dores enquanto a sessão durava.
Quanto aos tais "altos" que me doíam, passado 2 dias resolvi pesquisar o que há por baixo da pele naqueles pontos (vantagens de nunca ter saído da idade dos porquês, mas de já não aceitar os "porque sim"). Peguei numa enciclopédia médica que há cá por casa e descobri que aqueles pontos coincidiam com a junção dos músculos aos ligamentos! Se era para ter ou não "altos" nessa zona não faço ideia, mas pelo menos agora percebo ou penso perceber porque me doía sempre que me espetavam os dedos nessas zonas. Acho que os ligamentos não foram feitos para andarem a ser pressionados daquela forma!
E claro, sempre a conversa das "energias". Pareceu-me que aquilo era, para além de muito físico, também uma questão de fé. A forma como falavam, como diziam que eu tinha que "acreditar" fazia-me lembrar uma cerimónia de conversão a uma qualquer seita. Para um ateu este tipo de coisas é pior que fazer das tripas coração! Nunca peçam a um ateu para "ter fé" ou "acreditar". É o mesmo que dizer a uma pessoa de fé (lá está a palavra) que Deus não existe!
Para além das dores, outro resultado desta aventura foi ter aumentado o clube de indivíduos que olham para mim de lado, como quem olha para uma atracção de um freak show. Todos são "chinesamente" massajados e ficam felizes por isso. Eu fico pior. Assim, como se não bastassem as dores e o mal-estar ainda fiquei com a minha auto-estima diminuída. Sinto-me um anti-social nato.
Muita gente também me disse que, provavelmente, eu estaria tenso, daí as coisas não terem corrido bem. Admito que sim mas que querem? Para a medicina chinesa tudo está ligado e enquanto levava aquela sova falaram na ligação ao intestino grosso. Caramba, depois do braço direito e das costas terem sido bem calcados durante uma hora, que homem consegue descontrair ao ouvir falar no seu intestino grosso e imaginar o que se segue?

Queriam o Terreiro do Paço de volta, não queriam?

Pois é. Para aqueles que, como eu, ficaram contentíssimos ao verem o Cais das Colunas a renascer no meio daquele entulho e pensaram que finalmente iriam ter o Terreiro do Paço arranjado, trago uma notícia terrível: a partir do dia 2 de Janeiro de 2009 aquela praça fecha para obras durante 9 meses!
É que agora que aquilo está a ser finalmente reconstruído a CMLisboa resolveu fazer obras de saneamento, as quais implicam o fecho da placa central ao trânsito pedonal, ficando os peões restringidos a corredores à volta da praça, e a restrições e desvios do trânsito automóvel. E isto, repito, durante 9 meses!
Depois disto será que a Baixa ainda vai existir?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Porque me custa levantar cedo

Esta é daquelas frases que me irritam profundamente! Geralmente é proferida por quem nunca entende a minha "não pode ser mais cedo?". Irrita-me quando, no emprego, às 6 da tarde aparece sempre um energúmeno qualquer a pedir qualquer coisa "muito urgente".
- Não pode ficar para amanhã?
- Não, porque os utilizadores precisam muito disso!
- E vão precisar disso à noite?
- Não, mas amanhã de manhã já têm que ter.
- Nesse caso, amanhã de manhã faço isso. Antes das 8 e meia já cá estou!
- Pois, mas isso é muito cedo para mim!
- Azar! Agora também já é muito tarde para mim!
- Sim, mas às 8 e meia da manhã é muito cedo e custa-me a levantar!
E é assim que as coisas funcionam. Tal como há quem não goste de se levantar cedo, também há aqueles que, como eu, não têm problemas desses, mas têm o problema contrário de "não gostar de se deitar tarde". E, vá-se lá saber por que razão, estes são sempre não só vistos como "tipos estranhos", mas também pouco ou nada respeitados pelos outros.
E se para esses que não gostam de se levantar cedo é fácil de perceber que rendem mais da parte tarde, será assim tão difícil para eles perceber que para os que preferem levantar-se cedo é precisamente de manhã que as coisas rendem mais? É que para mim uma hora de trabalho matinal é muito diferente de uma hora de trabalho vespertina.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Há gajos porreiros

Numa época em que aparentemente toda a gente se está nas tintas para os outros e em que o egoísmo prevalece ainda aparece quem me surpreenda pelo altruísmo demonstrado. Foi o que me aconteceu há pouco mais de meia hora nos Restauradores e o protagonista foi um motorista da Carris: ao me ver a correr para o autocarro este motorista fechou a porta e arrancou a alta velocidade.
Com aquele gesto aquele Homem (sim, com H maiúsculo) fez com que eu apanhasse um táxi menos de 1 minuto depois, o qual me pôs à porta de casa apenas 10 minutos depois do senhor motorista da Carris ter fechado a porta e arrancado a alta velocidade.
Com aquele gesto aquele Homem fez-me poupar um bilhete da Carris (apesar de ser mais barato que uma viagem de táxi), uma viagem no meio da tropa maltrapilha que viaja no 759, uma dose de 15 a 20 minutos de música (não encontro outra palavra para descrever aquilo) que sai dos telemóveis e mp3s dos moçoilos que costumam viajar no 759 e mais uma sessão de gaseamento (lembram-se dos autocarros com cheiro?).
Com aquele gesto aquele Homem fez a Carris perder mais um passageiro/cliente, coisa que actualmente me deixa sempre extremamente feliz, e deu uma alegria a um taxista que ganhou uma corrida que, à partida, não era dele.
Com aquele gesto aquele Homem ganhou um aceno feito com um grande sentimento, daquele tipo que só do fundo do nosso Ser consegue vir, quando um certo táxi o ultrapassou na Praça do Comércio. E que gozo isso me deu.
Como vêem ainda há gajos porreiros neste mundo-cão povoado de filhos da mãe.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Qual é a pressa?

A passagem superior pedonal que ligava Alcântara-Terra a Alcântara-Mar foi desmantelada. Agora quem quer fazer esse trajecto terá que atravessar o cruzamento de Alcântara-Terra e a Avenida 24 de Julho. Se esta última travessia nem é muito problemática (apenas se perde tempo à espera do semáforo), já a primeira é um caos total. Para quem saia da estação de Alcântara-Terra as hipóteses são:
  1. atravessar o cruzamento "à maluca" junto à passagem de nível, numa zona onde não existe passagem de peões;
  2. contornar todo o largo onde desaguam as ruas Prior do Crato, Maria Pia e Vieira da Silva, o que significa passar por várias passagens de peões;
  3. passar para o outro lado da Avenida de Ceuta, atravessar o acesso que vem da ponte e voltar a atravessar a Avenida de Ceuta, voltando para o lado "original".
Tudo opções simples, certo?
Se é verdade que
a passagem superior não tinha as passadeiras a funcionar e tinha problemas de segurança (mesmo de dia metia medo), também não deixa de ser válido que a mesma permitia uma poupança de tempo e um aumento de segurança no que diz respeito às travessias destes cruzamentos.
E a mesma foi desmantelada agora nem se sabe bem porquê. É que, segundo informações surgidas na imprensa, quem a usava terá que esperar agora mais 4 (quatro) anos por uma alternativa, a qual depende de um tal projecto "Nova Alcântara".
Sabendo nós como funcionam estes projectos, que tanto podem ser feitos já, como daqui a 40 anos ou nem sequer sair da gaveta, qual a razão para tanta pressa no desmantelamento daquela estrutura? E quantos atropelamentos irão ocorrer durante as "pressas" de se passar de um comboio para outro, principalmente junto à estação de Alcântara-Terra?
Incompetência, é o nome que se dá a isto!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Às vezes sou mesmo um ignaro!

Três homens são presos pela polícia por posse de armas proíbidas entre as quais uma besta (lê-se bésta e não bêsta como oiço muita gente dizer, jornalistas incluídos) e duas réplicas de metralhadoras. Acabaram por não ir a tribunal e, por isso, ficaram em liberdade “para não prejudicar a investigação” após interrogatório na polícia e com o acordo entre esta e o ministério público. A polícia afirma que não tem dúvidas quanto ao facto de que estes homens irão ficar em prisão preventiva quando chegar a altura certa! Todos eles já são cadastrados.
Agora ficam as minhas dúvidas (nunca saí da idade dos porquês):
  1. Se não era a altura certa para os prender para não prejudicar as investigações, então porque o fizeram?
  2. Ao aparecer na imprensa que a polícia tem a certeza de que eles ficarão presos na altura certa, deixar-se-ão eles ficar sentados em casa a ver televisão à espera que alguém os vá buscar?
Sou ou não sou um ignaro?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O MobCarsharing

"Que é isto?", perguntar-se-ão todos (ou quase) os que lerem isto.
Pois eu passo a explicar. O MobCarsharing é um novo serviço que a Carris lançou oficialmente ontem e que consiste no aluguer de automóveis por um período de tempo curto. Diz a empresa que tal serviço serve de complemento ao transporte público e para diminuir o uso do carro particular na cidade e arredores.
"Como funciona?", pensarão vocês.
Os carros estão (ou estarão) estacionados em "locais estratégicos" (entenda-se com acesso aos transportes públicos) para permitir a tal complementariedade. Os utilizadores podem-se inscrever (!) por telefone, internet ou numa "loja da Carris" (desconheço se isto inclui os agentes Payshop, já que quiosques e postos de venda da Carris são quase inexistentes) e recebem um cartão Lisboa Viva (são 7 euros se a memória não me falha!) para desbloquear o automóvel. As chaves da ingnição estarão dentro do veículo!
Os carros depois de utilizados deverão ser deixados no mesmo parque em que foi levantado.
A Carris ainda pretende criar um "clube de utilizadores" os quais pagarão uma taxa de inscrição (presumo que seja a "jóia"), anuidade e um preço de utilização por hora ou quilómetro (poderemos optar pelas duas ou isso não está simplesmente definido?).
Segundo a empresa quem optar por este sistema em vez da viatura própria poderá poupar até 4 mil euros para quem não exceder os 15.000 Kms/ano, isto pelo que pouparão, para além da compra, em manutenção, seguro, combustível, impostos e parqueamento do veículo!
Haverá três tipos de veículo: citadino, unitário (?) e familiar.

E depois da apresentação da coisa agora entro eu!

Sendo, segundo a Carris, a rede de transportes da cidade de Lisboa boa, muito boa ou até excelente, porque razão resolveram agora lançar este produto? Se o que existe é excelente em termos de cobertura geográfica e temporal, segundo palavras dos próprios, algo não bate certo. Estarão a entrar em projectos inúteis? Ou terão mentido sobre a qualidade da sua própria rede?
Para além disso, o que se terá que pagar para estas "deslocações curtas" nestes carros compensará quando comparado com uma deslocação em táxi que nos deixa onde queremos, ao contrário deste serviço que nos obrigará sempre a entregar o carro onde o levantamos? Já para não falar no tempo que a "burocracia" ocupa, pois para andar de táxi não preciso fazer registo do que seja!
E qual o período de funcionamento? 7 dias por semana? 24 horas por dia? É que se não for prefiro perder os tais 4 mil euros/ano e ter o meu carro disponível 24x7!
Quanto ao aluguer em si, se a ideia é complementar a rede de transportes existente, ou seja, tapar os buracos da Carris, então prefiro, mesmo que seja mais caro, alugar o carro a outra empresa que não àquela por culpa da qual eu sou obrigado a fazê-lo. Até parece a história de se pagar ao Calatrava para que ele corrija os erros que cometeu no Oriente!
Assim se faz a história dos transportes públicos portugueses!