Em Sete Rios entrou no comboio uma mulher. Vinha a falar ao telemóvel. A conversa era sobre um emprego em Inglaterra. Do outro lado devem-lhe ter perguntado se aquilo era de fiar. "Parece que sim", responde a mulher, "pelo menos é de um site de empregos internacional".
Na estação seguinte, em Entrecampos, entra outra mulher, com ar abatido. Quando o comboio parte da estação pega no telemóvel. "Adivinha o que vai acontecer amanhã" pergunta à pessoa do outro lado. Após um ou dois segundos, responde "vai ser o meu último dia lá, não me renovaram o contrato".
Na estação seguinte, em Entrecampos, entra outra mulher, com ar abatido. Quando o comboio parte da estação pega no telemóvel. "Adivinha o que vai acontecer amanhã" pergunta à pessoa do outro lado. Após um ou dois segundos, responde "vai ser o meu último dia lá, não me renovaram o contrato".
Chego a casa e vejo as notícias na televisão. Realmente os políticos, sejam de que nacionalidade forem, vivem noutro universo, longe, mesmo muito longe, destas conversas e dramas da vida real que só se podem testemunhar nos comboios, autocarros, metros, eléctricos, cafés e onde mais calhar.
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