Se eu concordo com ela? Não, não concordo.
Porquê? Porque, na minha irrelevante opinião, serve apenas para dar mais força ao inenarrável Secretário de Estado dos Transportes (SET), Sérgio Monteiro, que viu em todas estas greves uma boa arma para virar ainda mais o resto do país contra quem trabalha nas empresas públicas de transportes (como se a greve em si já não o fizesse...).
Mas também não concordo com frases que vejo e oiço aqui e ali sobre, mais uma vez, as "regalias" que os trabalhadores dessas empresas tinham e que deixam de ter!
Todos falam dos chorudos ordenados que se auferem nessas empresas, mas poucos sabem ou querem saber que grande parte dos ordenados pagos nessas empresas rondam os 1000 euros (muitos até menos) e isto para pessoas que trabalham há 30 ou mais anos nas empresas.
Todos dizem que concordam com o fim das concessões (entenda-se, viagens gratuitas para os trabalhadores e seus familiares directos (excepto irmãs), exceptuando os casos das viagens de serviço, onde se incluem as viagens diárias casa-trabalho-casa, mas poucos sabem que neste momento há muitos trabalhadores ferroviários (que é o caso que eu conheço melhor) que mesmo para essas viagens têm que contar com a "benevolência" de outros trabalhadores (nomeadamente dos revisores). Estão neste casos os que moram em locais como o Entroncamento e que trabalham em Lisboa e que têm que usar diariamente comboios de longo curso. E isto tudo porque até ao momento ninguém soube explicar como se faz prova (ou arranjou forma de o fazer) de que aquela pessoa está em serviço quando efectua uma viagem! Aliás em empresas que funcionam 24/24 horas, 365 dias/ano, saber-se se uma pessoa está ou não de serviço em determinada altura não é fácil.
Mas, já que falam e sabem tanto sobre o assunto, já alguém tentou perceber ou saber o que ganham ou deixam de perder as empresas públicas de transporte com tais medidas, para além de uma mão-de-obra cada vez mais desmotivada?
Mais bilhetes vendidos? Não me parece, já que a maioria das viagens anteriormente feitas eram já por motivos de trabalho. Diminuição dos custos? Não estou a ver como. Os comboios ou carreiras de autocarros onde esses trabalhadores viajavam continuam a circular (aliás, nem eram serviços especiais de acesso reservado aqueles que os trabalhadores usavam gratuitamente). E, fora isso, ainda faltam criar os tais mecanismos para se verificar se quem está a viajar está ou não em serviço, coisa que, provavelmente, terá os seus custos, nem que sejam burocráticos.
Se eu concordo com a greve? Não!
Se eu acho injusta a guerra que este SET declarou a todos os que trabalham no sector dos transportes, transformando-os no lobo mau da história? Sim e muito!
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