Termina às 23:59 de hoje a validade do carregamento do meu passe. Comprei-o há 29 dias, no dia em que comecei as minhas férias e usei-o bastante nessas três semanas, visitando zonas da cidade que eu desconhecia por completo e revisitando outras onde não ia há muito.
Hoje termina. E não o renovo.
O serviço da Carris está bom e os tripulantes (a maioria, claro, que nestas coisas não se pode generalizar) são simpáticos e excelentes condutores, mas há coisas que não me agradaram nem me atrairam ao ponto de voltar a pagar os 20 e muitos euros que me custaria renovar o passe.
Os veículos actuais devem ter problemas ao nível dos pedais nos autocarros e do controller nos eléctricos remodelados, pois demonstram ter uma grande sensibilidade ao menor movimento efectuado por quem os conduz, o que causa arranques violentos e travagens da mesma natureza. Para quem viaja, mesmo sentado, nem sempre é fácil manter o equilíbrio. A Carris deveria pedir explicações aos seus fornecedores sobre a qualidade destes comandos.
Também nos ares condicionados a empresa foi enganada. Todos os autocarros em que viajei possuiam este equipamento de conforto, mas ao que me parece apenas tem duas opções de funcionamento: off e tornado glacial! Felizmente que nalguns veículos o problema de excesso de temperatura ambiente é remediado com a abertura em andamento da porta de saída.
A Carris também deveria tentar melhorar o tipo de passageiros que transporta. São tão maus que isso se nota no comportamento dos seus tripulantes. Têm tanto medo das pessoas que raramente são capazes de responder à saudação que alguns passageiros lhes enviam ao entrarem nos autocarros!
Outra coisa que a Carris terá que explicar aos passageiros é que estes deverão sinalizar sempre a sua intenção de entrar ou sair dos veículos, devendo para isso:
- Esticar o braço atempadamente de forma a sinalizar a sua intenção ao tripulante sempre que se pretenda entrar. Recomenda-se que estique o braço assim que o autocarro sair do terminal. Menos que isso pode não dar tempo suficiente para que se efectue a paragem em condições de segurança ou nem sequer parar;
- Usar o botão de paragem e de seguida gritar a plenos pulmões "quero sair" sempre que se pretenda sair. O simples pressionar do botão não serve de sinalização porque há muitos brincalhões e os tripulantes nem sempre percebem que não se trata de uma brincadeira. À saída convém dizer repetidamente em voz alta "ainda não saí", deixando de o dizer quando estiver com os dois pés assentes no piso da rua.
Para além destas coisas, há o serviço em si.
É de facto muito bom, mas por ser tão bom custa-me sempre usá-lo com medo de o estragar.
Seja como for, para passear não há melhor: uma pessoa vai para uma paragem, estica logo o braço - ver instruções sobre como mandar parar um autocarro - e entra no primeiro que aparecer, de preferência sem destino definido, porque é com invenções dessas, de se ter um sítio certo para onde ir, é que as coisas ficam com o aspecto de não funcionar! Coisa mais errada: o correcto é entrarmos no primeiro autocarro que apareça, seja ele qual for e vá para onde vá! Não compliquem!
Como os tripulantes da Carris são todos tão novinhos que parecem ainda andar na escola, a empresa oferece-lhes o pacote "horário escolar", através do qual reduz o serviço para que mais tripulantes possam descansar e divertir-se, tal como faziam na escola. O público, sempre compreensivo, adere sempre em massa a estas iniciativas, como se depreende pelas enchentes que ocorrem geralmente nos dias em que se pratica este tipo de actividades.
Digam lá se não é bom viajar na Carris?
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