Voltando ao tema das lembranças, dei por mim a recordar-me das idas à Baixa com a minha mãe. Apanhavamos o autocarro na Rua de Xabregas (que tanto podia ser o 9 como o 46, mais tarde substituído pelo 39) e saíamos, geralmente, na paragem da Rua Augusta, a qual ficava junto à Meia de Vidro, loja especializada em meias e outros artigos do género e onde a minha mãe parava sempre para ver a montra e, por vezes, comprar alguma coisa, para meu desespero (eu e as lojas de roupa...).
Actualmente esta loja está transfigurada em mais uma Calzedonia, igual às outras milhentas. Naquela altura não existiam nenhuma destas cadeias que agora enxameiam o país e isso fazia com que nas lojas da Baixa se encontrassem coisas diferentes. Isso perdeu-se com as cadeias onde tudo é igual de uma loja para outra, até as montras. Essa é, para mim, uma das grandes razões para a Baixa ser o que é hoje em dia (em termos comerciais): ao perder aquela especificidade própria, perdeu também a "razão de ser". Se é para ir a uma Calzedonia, a uma Zara ou a outra coisa qualquer dessas as pessoas preferem ir aos centros comerciais, onde facilmente estacionam os seus automóveis.
Voltando à Baixa de há 25-30 anos...
Aquela paragem, em conjunto com a sua "irmã" da Rua do Ouro (que ficava junto ao cruzamento com a Rua de São Nicolau, o que me convinha pois assim passava sempre pelas montras do Bazar Thadeus e da Biagio Flora) acabaram por desaparecer no início do Verão de 1984, quando o trânsito da Baixa ganhou o esquema que ainda hoje existe (com algumas, poucas e pequenas, diferenças), com o fecho da Rua Augusta ao trânsito automóvel, entre outras alterações. Creio que essas alterações foram efectuadas num fim-de-semana, mas só me lembro do primeiro dia útil "vivido" por elas, estava eu em casa dos meus avós, na Rua de São Mamede (a que fica junto ao ex-Largo do Caldas e onde se situa o Teatro Romano, não me estou a referir à Rua NOVA de São Mamede!). As notícias que chegavam pela rádio relativas ao pandemónio provocado pela falta de hábito e desconhecimento dos novos sentidos de trânsito eram impressionantes: a fila chegava a meio da Avenida da Liberdade! Hoje em dia rimo-nos de tal notícia, pois tal coisa é mais que corrente, é o nosso dia-a-dia. Mas há 24 anos e quase meio não era assim! As pessoas ainda andavam de transportes (mais por necessidade que por vontade).
Tudo isto desapareceu. O trânsito na Baixa continua cada vez mais caótico, mesmo com o metro a chegar ao rio. Os autocarros diminuiram tanto em número de carreiras como em número de pasageiros. Dos eléctricos nem se fala: hoje a Rua da Prata só é percorrida na totalidade pela carreira 15 e a partir da Rua da Conceição também pela 12. Em 1984 eram 4 na sua totalidade (3, 17, 19 e 26) e mais uma a partir da Rua da Conceição (a mítica da 10). Na Rua dos Fanqueiros actualmente já só há a 15, contra as 3, 17, 19, 25 de 1984 (e a 11, "parceira" da 10). Mesmo nos autocarros, da tal paragem da Rua de Xabregas (entretanto deslocada umas dezenas de metros relativamente ao local onde se situava nessa época) já só tenho o 759 para a Baixa. Ao contrário do que acontecia nessa época, agora sempre que vamos para a paragem é uma autêntica lotaria: tanto podemos ficar 1 minuto como quase 1 hora.
Na parte das lojas o panorama não é melhor: as que fecham raramente voltam a abrir e quando o fazem é para ficarem ocupadas por bric-à-bracs de indianos e chineses, lojas que, para mim, pouco ou nada têm de interessante.
Já só falta mesmo tirarem os ministérios que ainda restam do Terreiro do Paço e os bancos que ainda "moram" nos quarteirões junto a essa praça mudarem de poiso para que a Baixa vá de vez à vida.
E isso entristece-me, pois para mim a Baixa sempre foi o centro do meu mundo. Vou muitas vezes a centros comerciais fazer compras, mas acho todos eles sempre impessoais, iguais uns aos outros. E com o problema de que se não encontro ali o que quero, dificilmente encontrarei noutro centro, pois as lojas são as mesmas. E é para isso que a Baixa faz(ia) falta!
Actualmente esta loja está transfigurada em mais uma Calzedonia, igual às outras milhentas. Naquela altura não existiam nenhuma destas cadeias que agora enxameiam o país e isso fazia com que nas lojas da Baixa se encontrassem coisas diferentes. Isso perdeu-se com as cadeias onde tudo é igual de uma loja para outra, até as montras. Essa é, para mim, uma das grandes razões para a Baixa ser o que é hoje em dia (em termos comerciais): ao perder aquela especificidade própria, perdeu também a "razão de ser". Se é para ir a uma Calzedonia, a uma Zara ou a outra coisa qualquer dessas as pessoas preferem ir aos centros comerciais, onde facilmente estacionam os seus automóveis.
Voltando à Baixa de há 25-30 anos...
Aquela paragem, em conjunto com a sua "irmã" da Rua do Ouro (que ficava junto ao cruzamento com a Rua de São Nicolau, o que me convinha pois assim passava sempre pelas montras do Bazar Thadeus e da Biagio Flora) acabaram por desaparecer no início do Verão de 1984, quando o trânsito da Baixa ganhou o esquema que ainda hoje existe (com algumas, poucas e pequenas, diferenças), com o fecho da Rua Augusta ao trânsito automóvel, entre outras alterações. Creio que essas alterações foram efectuadas num fim-de-semana, mas só me lembro do primeiro dia útil "vivido" por elas, estava eu em casa dos meus avós, na Rua de São Mamede (a que fica junto ao ex-Largo do Caldas e onde se situa o Teatro Romano, não me estou a referir à Rua NOVA de São Mamede!). As notícias que chegavam pela rádio relativas ao pandemónio provocado pela falta de hábito e desconhecimento dos novos sentidos de trânsito eram impressionantes: a fila chegava a meio da Avenida da Liberdade! Hoje em dia rimo-nos de tal notícia, pois tal coisa é mais que corrente, é o nosso dia-a-dia. Mas há 24 anos e quase meio não era assim! As pessoas ainda andavam de transportes (mais por necessidade que por vontade).
Tudo isto desapareceu. O trânsito na Baixa continua cada vez mais caótico, mesmo com o metro a chegar ao rio. Os autocarros diminuiram tanto em número de carreiras como em número de pasageiros. Dos eléctricos nem se fala: hoje a Rua da Prata só é percorrida na totalidade pela carreira 15 e a partir da Rua da Conceição também pela 12. Em 1984 eram 4 na sua totalidade (3, 17, 19 e 26) e mais uma a partir da Rua da Conceição (a mítica da 10). Na Rua dos Fanqueiros actualmente já só há a 15, contra as 3, 17, 19, 25 de 1984 (e a 11, "parceira" da 10). Mesmo nos autocarros, da tal paragem da Rua de Xabregas (entretanto deslocada umas dezenas de metros relativamente ao local onde se situava nessa época) já só tenho o 759 para a Baixa. Ao contrário do que acontecia nessa época, agora sempre que vamos para a paragem é uma autêntica lotaria: tanto podemos ficar 1 minuto como quase 1 hora.
Na parte das lojas o panorama não é melhor: as que fecham raramente voltam a abrir e quando o fazem é para ficarem ocupadas por bric-à-bracs de indianos e chineses, lojas que, para mim, pouco ou nada têm de interessante.
Já só falta mesmo tirarem os ministérios que ainda restam do Terreiro do Paço e os bancos que ainda "moram" nos quarteirões junto a essa praça mudarem de poiso para que a Baixa vá de vez à vida.
E isso entristece-me, pois para mim a Baixa sempre foi o centro do meu mundo. Vou muitas vezes a centros comerciais fazer compras, mas acho todos eles sempre impessoais, iguais uns aos outros. E com o problema de que se não encontro ali o que quero, dificilmente encontrarei noutro centro, pois as lojas são as mesmas. E é para isso que a Baixa faz(ia) falta!
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