domingo, 12 de julho de 2009

Parabentear

Comprei na sexta-feira a última edição da revista Visão História dedicada ao 40º. aniversário da alunagem da Apolo XI.
A sua leitura tem-me desiludido. Há erros de paginação e de arranjo gráfico que cortaram parte de alguns parágrafos, tornando a leitura de algumas partes difícil ou mesmo impossível.
Mas para mim, o "melhor" do que li até agora aparece na página 46, num artigo sobre as diversas teorias que defendem que a ida à Lua foi uma fraude. A dada altura a jornalista escreve, como prova de que a teoria da fraude não tem fundamento, que "os cosmonautas da União Soviética apressaram-se a parabenizar os seus rivais"!
A primeira vez que vi este verbo (que até me custa dizer) foi num dos muitos powerpoints lamechas made in Brazil que me enchem a caixa de e-mail. Voltei a vê-lo ou ouvi-lo mais algumas vezes sempre em contextos tropicais.
Esta palavra sempre me pareceu como pertencente ao clube das palavras inventadas, tarefa bastante comum no Brasil, onde se usa muito o sistema usado pelas crianças de todo o Mundo que, quando não conhecem as palavras que exprimem aquilo que querem transmitir, limitam-se a inventá-las. Ontem quando a vi na Visão, resolvi finalmente ir verificar no dicionário se aquilo existe. E existe. Tanto o dicionário da Porto Editora como o da Priberam são unânimes em afirmar que:
parabenizar
(parabém + -izar)
v. tr.
Bras. Dar os parabéns a. = felicitar, parabentear
Ou seja, esta palavra até existe, mas no português (acho que é isso que se chama àquilo) do Brasil. No de cá, no brasileiro de Portugal, usam-se os verbos felicitar ou, se quiserem dar numa de intelectuais, parabentear! Parabenizar em Portugal não existe!
É que, seguindo a ideia de um célebre anúncio de lacticínios, se não formos nós a defender a nossa língua e a nossa cultura, quem a defenderá?

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