terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Quem foi o brindado?

Durante o período de tempo em que o Resmungão não resmungou um grupo de “patriotas” oriundos da tropa apresentou uma queixa-crime contra uma figura política portuguesa por “traição à pátria”. Quem foi a figura contemplada?

  1. Durão “Burroso” que vendeu a imagem do país ao Bush e ao Blair, deu cabo disto tudo e depois, sob pretexto de ter perdido umas eleições, fugiu para Bruxelas onde entretanto tinha arranjado um tacho para ser presidente da Comiss(x)ão Europeia?
  2. O ministro da saúde, Correia de Campos, que impunemente fecha maternidades, urgências hospitalares e ainda manda as mulheres irem ter os filhos a Badajoz?
  3. O ditador madeirense, Jardim de seu nome, que acusa tudo e todos de “colonialistas”, demonstrando com essa acusação que para ele a Madeira é um outro país dominado por uma potência estrangeira, no caso Portugal?
  4. O Eng. Guterres que depois de um governo para os amigos fugiu do país?
  5. O ministro dos transportes, Mário Lino, que defendeu publicamente o Iberismo?

Os “patriotas” acusaram o último da lista por “traição à pátria”, apesar de todos os outros terem feito mais contra a dita do que o ministro dos transportes ao ter defendido o Iberismo.

Pior que os actos são os pensamentos, mesmo que utópicos, está mais que visto. E eu que me ponha a pau, caso contrário ainda arranjo chatices por também defender o mesmo.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Certificações da Qualidade

Li no Destak de hoje que a CERTIF, que segundo o artigo é uma “instituição que tem vindo a colaborar com os vários operadores de transportes públicos” na obtenção das certificações da qualidade, concluiu a “elaboração dos requisitos técnicos que permitirão avaliar a qualidade do serviço prestado pelas redes do metro”.
Quer este relambório todo dizer que depois de algumas empresas de autocarros (e eléctricos no caso da CCFL) e ferroviárias (CP e Fertagus) a praga das certificações da cólidade vai agora atacar os metros (enterrado em Lisboa, desenterrado no Porto e atascado em Almada).
A vantagem destas certificações é, segundo a CERTIF, o aumento da procura dos transportes públicos.
Confesso que não entendo como é que tal é possível: as certificações de qualidade não têm qualquer efeito prático no fim dos atrasos dos transportes, continuo sem ter lugar sentado no comboio, deixei de andar nos autocarros da CCFL, depois de muitos anos a usá-los e sem estarem certificados. Esta gente esquece-se que o que as pessoas querem é isso mesmo: transportes com horários apelativos, com o mínimo de atrasos, com percursos adequados às necessidades de quem os utiliza, com transbordos e tempos de transbordo o mais minimizados possível. Se nada disto existe o pessoal está-se nas tintas para o autocolante ou cartazes a dizerem “Empresa Certificada”.
E como disse, antes da CCFL ser certificada eu era cliente, agora que ficou certificada passou a ter muito menos qualidade e eu deixei de ser cliente.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Rede 7

No dia 9 de Setembro de 2006, a CCFL (conhecida como Carris) brindou a Mui Nobre e Sempre Leal Cidade de Lisboa (conhecida como Lisboa) com uma coisa a que chamou de Rede 7.

Para explicar aos clientes o que era essa Rede 7 a CCFL gastou cerca de 300 000 euros (de acordo com artigos que li na imprensa nessa altura) em cartazes, folhetos e a banda da CCFL no piso superior de um antigo Daimler, ao qual lhe retiraram o tejadilho.

Essa Rede 7 acabou com várias carreiras, alterou muitas outras e criou algumas, sendo que essas “algumas” não são carreiras novas, mas sim renumerações ou carreiras que servem troços que anteriormente eram assegurados por carreiras que acabaram, foram encurtadas ou foram alteradas. Carreiras realmente novas: NADA! Na minha zona, e ao contrário do que a CCFL apregoou semanas a fio, o serviço ficou reduzido, sendo essa redução bem sentida à noite e aos fins-de-semana.

Ao fim de quase 3 meses de Rede 7 (fase 1: sim, parece que a CCFL não ficou contente com a bosta que fez em Setembro e ainda quer mais) e do que já vi:

• Os serviços novos (carreiras que tiveram o percurso alterado ou que passaram a funcionar a horas a que antes não funcionavam) ainda não conseguiram captar novos clientes. Já vi alguns (70)1 (Charneca-C.Ourique) na zona de Campolide à hora do almoço sempre com menos de 10 pessoas lá dentro. No (7)32, que agora funciona aos fins-de-semana ao contrário do “antigo” 32, nunca o vi, na zona da Baixa e aos fins-de-semana, com mais de 5 pessoas. Com o (7)55, que parte do Poço do Bispo, acontece o mesmo.

• Nas zonas onde diminuíram o serviço a procura também foi “atrás”. O (7)18, única carreira a fazer o eixo Xabregas-Poço do Bispo pelo interior do Beato, anda agora mais vazio do que quando o “antigo” 18 tinha como companheiro o 105, que, por “falta de procura” foi suprimido com a Rede 7.

• Há carreiras que têm que fazer o “trabalho” de 2 ou 3, como acontece com o (70)8 e o (7)59 na zona dos Olivais. O resultado são carreiras com percursos estupidamente longos, com voltinhas que nunca mais acabam e que por isso acabam por ser pouco atraentes para quem as queira usar.

• Aos fins-de-semana os horários foram reduzidos e mesmo assim há falhas, estando-se por vezes 45 minutos (como já estive) à espera de um autocarro de uma carreira que “oficialmente” tem um frequência de passagem de 20 em 20 minutos.

• Depois ainda há uma situação de bradar aos céus: a CCFL retirou de serviço por terem atingido a sua vida útil os MAN 10150 HOCL, os tais autocarros médios que andavam pelo Castelo, na 100 e na 13, mas não se precaveu desse facto e não comprou autocarros que os substituíssem. Para compensar comprou carrinhas Mercedes-Benz, tipo cigano-da-feira, com meia dúzia de lugares e resolveu dividir algumas carreiras em 2 troços, 1 com autocarros standard e outro, nas zonas mais sinuosas, com carrinhas destas, obrigando as pessoas a fazerem transbordo. Como todos sabemos o sonho de qualquer viajante é poder andar a mudar de transporte constantemente e não ter um transporte directo desde a sua origem até ao destino pretendido…. Gente estúpida.

• E o Presidente da CCFL ainda dizia que só havia 25 queixas e que o problema era de falta de hábito das pessoas!

Apesar de ter estado a deitar abaixo a Rede 7 da CCFL, pessoalmente até ganhei com ela. Agora faço todos os dias uma caminhada de perto de 2 Kms (só ida, porque a volta é outro tanto) o que me provocou uma perda de massa corporal (vulgo, gordura) da ordem dos 3 Kgs em 2 meses, fora o dinheiro que tenho poupado com a não compra do passe. E o engraçado é que, ao contrário do que a CCFL afirmou na altura, a oferta não melhorou mesmo nada e eu faço esses tais cerca de 2 Kms em cerca de 25 a 30 minutos e são frequentes as vezes em que nesse longo período de tempo não passa por mim nenhum autocarro. E estou a falar de dias da semana, à hora de ponta. Será de atrasos? À tarde até pode ser que sim, mas às 7:30 da manhã!!!!?????

Um grande bem-haja aos moços que já moraram em Santo Amaro e agora moram em Miraflores, que com isto o mais certo é não virem a ganhar novos clientes mas que, com toda a certeza, irão perder parte dos antigos.

E, já me esquecia, RETIREM A MERDA DAS BOLINHAS COLORIDAS DA FRENTE DOS AUTOCARROS E PONHAM AS PLACAS DAS PARAGENS SEM ESSA MERDA TAMBÉM. Aquilo não serve para nada.

E eu que até defendo o uso do transporte público...

A Cidade Muda, a Carris Piora

domingo, 27 de agosto de 2006

A ignorância II

Afinal não é só o jornalista do Correio da Manhã que pensa que o sistema solar fica mais pequeno, também no Diário de Notícias há quem pense o mesmo, embora aqui tenham optado por utilizarem umas aspas no título para disfarçar a coisa (a notícia).

De qualquer das formas continuam com a história da "despromoção"!!!!!!!!! Mas que gente mais estúpida é esta que vai para esta profissão! A ver se entendem:

1 - O SISTEMA SOLAR NÃO ENCOLHEU

2 - PLUTÃO NÃO FOI DESPROMOVIDO, APENAS FOI RECLASSIFICADO

3 - ASTRONOMIA NÃO TEM NADA A VER COM ASTROLOGIA

Se fossem espertos teriam ido para outra coisa, não era?

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

A ignorância

Resolveu-se hoje, dia 24 de Agosto, no 26º Congresso da União Astronómica Internacional a controvérsia que já durava há anos sobre se Plutão deveria ou não ser considerado um planeta, sendo que na solução a que se chegou este astro deixa de ser considerado planeta.

No site do Correio da Manhã esta resolução vem noticiada não como se Plutão tivesse deixado de ser considerado como um planeta, mas sim como se Plutão tivesse passado a não ser considerado como pertencendo ao Sistema Solar.

Claro que para o jornalista que escreveu tamanha barbaridade dizerem-lhe que um astro deixou de ser considerado planeta ou que esse astro deixou de pertencer a um determinado sistema solar vai dar ao mesmo. Afinal o mais certo é que o autor da peça seja, em termos académicos, oriundo da área de letras, a qual, como se sabe, não prima pela capacidade científica e intelectual da maioria dos seus componentes, pois essa grande maioria foi lá parar porque “aquela cena é fixe, nem matemática tem”.

Como se isto não bastasse ainda conseguiu misturar ASTRONOMIA (que é uma ciência) com ASTROLOGIA (que é uma aberração). Mas o que é que a definição do que são planetas e se Plutão entra ou não nessa definição têm a ver com a minha sexualidade e a minha (livra) morte? E o que é que a morte tem a ver com quecas? Se não entenderam esta vejam a notícia no link.

E é para isto que se criaram cursos superiores de comunicação social…

NOTA DE RODAPÉ (15/Jun/2008): entretanto a notícia do CM deixou de estar disponível na Internet

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Expliquem-me, por favor!

Fiquei hoje a saber pela imprensa (des)informativa nacional que existem organismos estatais que não cumprem a lei de acesso aos serviços, segundo a qual têm direito de "passar à frente" grávidas, idosos, deficientes e advogados e solicitadores.

Que as grávidas, os idosos e deficientes passem à frente ainda percebo, agora os advogados e os solicitadores?! O que é que eles são a mais em relação a mim? Isto acontece porque as leis são feitas pelos políticos e porque perto de 100% deles são advogados e outras coisas dessas?

Os outros, mais uma vez, que auto-pratiquem o acto sexual. Isto é o que dá viver num país que teve um 25 de Abril, mas que nunca soube perder a mentalidade do 24.

Já agora fica aqui mais uma história em homenagem aos serviços do estado, aos políticos e aos simplexes e a toda essa merda: uma pessoa que mude de casa, mesmo que não saia da freguesia onde habitava antes, não pode simplesmente mudar a morada nos dados constantes no registo civil, ou lá como se chama aquilo. Tem que fazer um Bilhete de Identidade todo novo, apesar dos dados nele constantes serem os mesmos que no Bilhete de Identidade antigo. Parece anedota, mas é mesmo verdade.

Tudo isto faz sentido para vocês? Eu, sinceramente, não percebo. Expliquem-me, por favor!

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Responsabilizar é isto mesmo

No Diário de Notícias de ontem, dia 14, vinha uma pequena notícia de última página que eu achei deveras interessante. O cineasta chinês Chen Kaige foi condenado a uma multa de um valor equivalente a cerca de 9000 €. Tal sanção deveu-se ao facto de o tal cineasta ter causado danos na reserva natural de Shangri-la, no sul da China, durante a realização de filmagens para o filme A Promessa. Depois de meses de investigação, concluiu-se que a equipa de filmagens para além de nunca ter apresentado estudos de impacto ambiental ainda fez umas construções provisórias que afectou a paisagem das margens do lago Bigu. Para além do cineasta, também o governo regional foi condenado por negligência, embora a notícia não indique qual a sanção aplicada. Isto passou-se na China.

E nesta merda de país, que se chama Portugal, como seria?

Cá nunca ninguém sabe de nada, nunca ninguém é culpado, agem sempre de boa-fé e enfim, são todos uns santos.

O presidente da CML, por exemplo, faz negócios esquisitos com um construtor que depois vem a construir na Av. Infante Santo um mamarracho, sem que para isso tivesse pago à CML o que deveria, mas que afinal até pagou, através da troca feita com a CML de uns terrenos ou edíficios, mas que afinal ainda deveria ter que pagar qualquer coisa, e .............. uma grande embrulhada pela qual ninguém é culpado, como sempre.

Na Madeira temos um governo regional que desbarata os dinheiros publicos enviados pelos explorados do território continental e a quem ele achincalha constantemente. Como se isso não bastasse a Madeira é, tal como qualquer ilha tropical ou sub-tropical que se preze, uma espécie de empresa familiar, com os cargos políticos todos bem distribuídos por familiares, amigos e outros lambe-ânus que por lá deambulam. Mais uma vez ninguém é culpado de coisa nenhuma.

Tivemos um presidente de câmara em Lisboa e que mais tarde foi Primeiro-Ministro, que em ambos os cargos só fez merda, mas, como sempre, ninguém é culpado de nada.

Nas empresas públicas sempre tivemos administradeiros com camisas da côr da moda da altura que só fizeram merda e rebentaram com aquilo tudo. Ninguém é responsável por nada.

Um ex-ministro do CDS/PPopularucho andou metido nuns negócios estranhos relativos a um empreendimento turístico do BES (amén) que provocou o abate de não sei quantas centenas de sobreiros na zona de Salvaterra de Magos, mas, e apesar da lei dizer o contrário, parece que não houve delito.

E o rol segue interminavelmente.

E depois admiram-se que os chineses estejam a tomar conta disto tudo. É que este tipo de impunidade e desresponsabilização que por cá grassa espalha-se por todo o país e por todas as pessoas. Eu próprio também já entrei no jogo. Para quê preocupar-me em fazer bem ou pelas regras se ainda sou penalizado por isso. O que eu quero é viver a minha vidinha e o resto que se lixe.

Enquanto isso os chineses vão subindo.

terça-feira, 25 de julho de 2006

Eles que paguem

A UNICEF pediu à comunidade internacional 24.000.000 de dólares, com urgência, para ajuda às vítimas da guerra “que não existe”, mas que acontece, no Líbano.

Considero os objectivos de tal pedido mais que meritórios, mas acho que estão é a pedir às pessoas erradas. Se há alguém que deva dar esse dinheiro, esse alguém será os broncos dos EUA, os judeus de Israel e os árabes da Petrolândia.

Eles que paguem, porque os outros não têm culpa.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

O sal é que faz mal

Na passada segunda-feira, dia 17, foi anunciado na comunicação social que a Autoridade da Concorrência (AdC) tinha descoberto um cartel na indústria do sal que teria lesado os interesses dos consumidores ao fixar os preços de venda do sal. À conta disso as empresas que participaram nesse cartel vão pagar, no total, perto de 1.000.000 de euros de coimas.

No dia seguinte surgiu outra notícia segundo a qual a União Europeia (UE) descobriu que a banca portuguesa era a segunda mais cara da UE, quer através das comissões que cobra, quer através dos spreads praticados nos empréstimos. Apenas somos ultrapassados pelos gregos.

Se juntarmos a esses custos os dos combustíveis, que cá pelo burgo são dos mais caros de toda a UE, teremos uma bela receita para o fracasso da economia.

As empresas para se modernizarem têm que investir, mas para isso têm que recorrer aos bancos, que, como se viu, são caros. Depois, para funcionar, têm que usar fontes de energia, as quais, por sua vez, dependem dos combustíveis, que, como se sabe, são caros.

Para se ter os preços tão altos é porque a lei concorrência não funciona bem nesses mercados e como nos negócios da banca e dos combustíveis só há meia dúzia de grupos económicos eu começo a pensar que esses preços são concertados. O que leva à ideia de haver um cartel em cada uma desses indústrias. E sendo essas indústrias basilares de tudo o resto, pode-se dizer que elas é que estão a matar a economia portuguesa (e não os ordenados vs a baixa produtividade, como se diz para aí).

Mas para a AdC o que nos faz mesmo mal é o sal. Esse é que dá cabo da gente.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Não percebo

Nesta anedota de país, que é o nosso, temos duas anedotas ainda maiores que se chamam Madeira e Alberto João Jardim.

O segundo manda despoticamente na primeira e, pelos vistos, também no resto do país. Ou mandava.

Mercê das cabalas e outras operações de gestão menos claras, a Madeira foi e é um sugadouro dos dinheiros públicos portugueses. São ajudas por serem uma ilha, são ajudas por serem pobres e são ajudas por mais algumas razões que eu nem sequer imagino.

Agora parece que já não são pobres, diz a União Europeia, e por isso vão deixar de receber as ajudas por serem isso mesmo. Como as finanças da ilha-estado não estão nas melhores condições, o despótico Jardim veio logo todo alvoraçado a dizer que o Continente, essa terra onde, segundo o despótico, só habitam seres execráveis, teria que dar mais ajudas para equilibrar a coisa. Os de cá fizeram-lhe um lindo sinal com o dedo médio esticado na vertical com a ponta virada para cima.

É caso para dizer: FINALMENTE!

Nunca consegui perceber o porquê de tanta ajuda para a Madeira. Nem sequer percebo o que ganha este país por manter a Madeira como parte integrante do território nacional. Mas finalmente gostei de ver um político continental a dizer NÃO ao despótico e ainda por cima a exigir-lhe contas e explicações para saber como chegou a Madeira onde chegou em termos de finanças.

E como dizia o Miguel Esteves Cardoso há uns anos, se colonialismo é um sistema onde um país vive à custa de outro, então tornemo-nos independentes da Madeira.

E bardamerda para o despótico que sempre viveu à nossa custa e ainda por cima sempre nos achincalhou. Como é que isto aconteceu? Não sei, nem percebo.

terça-feira, 11 de julho de 2006

Também quero

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF), com sede sita na Praça da Alegria, zona de Lisboa especializada na área da diversão masculina (tal como o nome indica), quer que o governo isente os jogadores da bola que foram à Alemanha do pagamento do IRS relativo aos prémios de jogo que receberam.

Para além de alegarem que essa isenção está consagrada no próprio código do IRS, através do nº 5 do artigo 13º, segundo o qual, o IRS “não incide sobre os prémios atribuídos aos praticantes de alta competição, bem como aos respectivos treinadores, por classificações relevantes obtidas em provas desportivas de elevado prestígio e nível competitivo”, a FPF afirma que a selecção contribuiu para a “divulgação e prestígio” do país!

Primeiro deixem-me expressar a minha revolta partindo alguma coisa

OK. Agora passemos a analisar toda esta história por partes.

Código do IRS: se existem estudos relativos à “simplificação do IRS” (coloco isto entre aspas porque foram essas as razões apresentadas para aquilo que a seguir vou dizer) que dizem que isso só se consegue acabando com vários benefícios fiscais, entre os quais as despesas com a educação, será que esses estudos abrangem também esta aberração? Se eu no meu emprego eu desempenhar as minhas funções tão bem que o empregador me resolve dar um bónus eu terei que pagar o IRS sobre esse prémio. Aqui é a mesma coisa

Para além do tal artigo do código do IRS, a FPF ainda alega que a selecção contribuiu para a “divulgação e prestígio” do país. É possível. Há quem só contribua para a divulgação e não para o prestígio (Durão Barroso, por exemplo), há quem contribua para o prestígio e não para a divulgação (muitos dos emigrantes que andam lá por fora). Mas, perguntou eu que nunca gostei de verdades absolutas, se o governo aceitar essa razão para isentar os jogadores da bola do pagamento de impostos, então não deveria fazer o mesmo, por exemplo, a mim? É que uma das quais que me compete fazer no meu emprego é garantir o funcionamento das bilheteiras de um sistema de venda de bilhetes para um serviço de transportes de longo curso (tanta merda só para manter o meu anonimato). Logo, ao mantê-las em funcionamento estou a dar uma boa imagem do país aos estrangeiros que nos visitam e usam esses transportes de longo curso. E com isso estou a aumentar o prestígio de Portugal. E também a divulgação do mesmo, embora indirectamente, pois os turistas que usam esses transportes de longo curso voltam para a casa a dizer: “os gajos têm umas bilheteiras que funcionam espectacularmente bem”.

Sendo assim, eu também quero.

PS (apesar de não ter assinado isto): depois de ter escrito esta resmunguice, soube que o ministério das finanças fez uma manguito a estas pretensões. É nestes raríssimos momentos em que penso que talvez ainda haja uma esperança extremamente ténue para esta anedota de país.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Finalmente

Acabou o Campeonato do Mundo! Até que enfim. Para os que gostam de futebol nem imaginam o tormento que são estas alturas para aqueles que não ligam nada ao futebol. Para onde quer que nos viremos só se ouve falar de bola. E se o campeonato durou 1 mês inteiro, a “preparação” levou ainda mais. Há alguns 3 ou 4 meses que andamos a levar com esta xaropada interminável. E ainda devemos ter mais uns quinze dias a um mês de análises das “consequências” dos resultados.

Telejornais houve em que na primeira meia hora só se falava disso. Já imaginaram o que seria durante 4 meses levarem com notícias e debates sobre, por exemplo, caminhos-de-ferro e ferromodelismo com a mesma intensidade com que eu levei com isso sobre futebol? Seria espectecular, pelo menos para mim. Mas os que pertencem à maioria iriam dizer que era chato, não era? E que não tinham nada a ver com aquilo, certo? Pois foi isso que eu e muitos outros sofremos com o campeonato da bola.

E quando queríamos saber de novas do país e do mundo lá levávamos com a tal meia hora de bola pelos queixos que até andávamos de lado. Em dois dos dias em que Portugal jogou os combustíveis aumentaram e ninguém reparou nisso. O governo anuncia a intenção de acabar com os benefícios fiscais decorrentes de despesas da educação e ninguém reparou nisso. E isto é cíclico. Há 2 anos, em pleno Orgasmo 2004, o governo também governou à vontade enquanto durou aquela importantíssima competição que por cá se realizou. Aproveito para homenagear publicamente um senhor que não sei o nome e que na altura do Orgasmo 2004 viajou num mesmo autocarro da Carris em que eu ia, acompanhado de umas 3 ou 4 dezenas de parolos prestes a virem-se com a conversa que estavam a ter sobre a bola. Esse senhor estava bêbado, mas não muito, e chamou a atenção para todos os orgasmáticos que iam no autocarro que “enquanto vocês [eles, os outros] estão com essas merdas, a água [canalizada] aumentou 4%”. E não é que os outros parolos, que aparentemente iam sóbrios, em vez de terem ficado a pensar nisso ou de se terem revoltado contra isso mandaram calar a única voz que naquele autocarro disse alguma coisa de jeito.

Afinal quem é que ganha com os Campeonatos?

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Era uma vez o Beato

O Beato foi uma zona de Lisboa bonita até ao início da industrialização tardia de Portugal. Desde então a paisagem local alterou-se para pior, tanto pela construção de fábricas (quer em edíficios próprios, como pela adaptação de palácios e conventos existentes), armazéns e pela construção de baixa qualidade destinada à habitação das imensas massas de trabalhador necessárias a essas indústrias.

Com o passar dos anos muitas fábricas e armazéns foram fechando, tendo os seus edíficios ou ficado ao abandono ou sido adaptados para outros fins. Os bairros e vilas operárias anexas também sofreram com a passagem do tempo, tendo-se transformado em autênticos guetos de habitação degradada.

Com tudo isso o Beato é actualmente uma das freguesias mais feias de Lisboa. Mas poderia ser melhor se nos últimos 30 anos (tantos quantos tem o chamado “poder local”) a junta de freguesia tivesse sido “ocupada” por gente com vontade e competência.

A junta de freguesia do Beato nunca fez nada pela freguesia. Nas freguesias à volta houve um esforço para tornar a vida dos que lá moram ou trabalham mais agradável, quer ajardinando os espaços devolutos existentes, quer através de sinalética com indicação dos diversos equipamentos sociais, etc, etc, etc.

No Beato não! As únicas medidas tomadas nos últimos 15 anos foram ajudas à “Comissão de Melhoramentos da Faifa”, à Casa do Concelho de Castro Daire (onde, por “coincidência” fica a tal Faifa), ao Clube de Pesca Desportiva de Xabregas (um barracão que está sempre fechado) e pouco mais. Depois preocuparam-se sempre muito e apenas com a Quinta do Ourives e a Picheleira, curiosamente as zonas da freguesia com mais eleitores. Xabregas, o próprio Beato e o Vale de Chelas ficaram completamente abandonados.

Para agravar há cerca de 7 anos houve um engraçadinho na CMLisboa que achou que a zona de Xabregas e do Vale de Chelas eram excelentes aterros sanitários para drogados e outra escumalha inútil que se encontravam espalhado por outras zonas da cidade. E assim, com a conivência da junta de freguesia do Beato (que politicamente era da mesma côr da CML), uma zona que estava livre de problemas de droga ficou completamente minada por isso. Uns anos mais tarde, já a CML tinha mudado para uma côr diferente, a junta já se opôs energicamente à vinda de mais uns quantos merdosos desses, mas nessa altura não só já era tarde, como também pouca diferença varia. Assim, o que preocupava mesmo esses senhores da junta eram as questiúnculas partidárias..

Para além do problema de segurança que esses merdas dos drogados provocam, há ainda a falta de higiene e limpeza. Inexplicavelmente Xabregas é das zonas que menos operações de limpeza devem ter. Diz a junta que a CML limpa as ruas de Xabregas semestralmente, tal como no resto da cidade. Estranho! Na maioria das vezes que passo, por exemplo, na Rua Morais Soares (freguesia de São João) à noite estão a lavá-la. Passarei eu nela à noite apenas e precisamente de 6 em 6 meses? Há uns 2 anos ocorreu uma chuvada forte em Maio (lembro-me porque foi 2 dias antes do meu aniversário) que levou até às ruas de Xabregas muitos detritos que ficaram por lá durante mais de um ano (lembro-me perfeitamente disso por ter celebrado 2 aniversários com os restos dessa lama junto aos passeios). Serão os semestres maiores em Xabregas e no Beato? Junto ao Convento do Beato, por exemplo, encontra-se uma carcaça de um gato já há tanto tempo, que neste momento já só resta praticamente a pele e os ossos (estes já se encontram à vista).

A CML tinha obrigação de fazer mais pela limpeza da zona, até porque grande parte do lixo é feita pelos merdas que a CML que passam os dias a sujar as ruas com o que vão despejando dos caixotes do lixo, já para não falar das “casas-de-banho” situadas em pleno passeio (e parte disso não é de origem canina, porque os cães não limpam o rabo a papel).

Como esta é uma zona sem peso eleitoral e ainda para agravar agora a junta do Beato está sem dinheiro, aparentemente “desviado” pelos anteriores “locatários”, estes problemas nunca serão resolvidos.

A história do dinheiro desviado também é curiosa. Os actuais detentores da junta acusam os anteriores de terem desviado os dinheiros e assim deixam-se andar sem fazer nada, a não ser continuar a apoiar as iniciativas das Faifas (afinal ainda há algum dinheiro), e esquecendo-se que por acaso os anteriores até estavam em coligação com os actuais!!!!!!!!

“Podem mudar de partido nas próximas eleições”, pensarão muitos de vocês. Até podemos, mas:

1. Há 7 anos, quando os drogados chegaram, a junta do Beato era (des)governada pela Coligação por Lisboa (CDU+PS), tal como a CML. Os elementos da junta eram maioritariamente CDU, de acordo com as últimas eleições em que CDU e PS haviam concorrido separadamente.

2. Em 2001 a junta manteve-se nas mesmas mãos, mas a CML passou a ser PSD. A CML tentou enviar mais “drogas” nessa época, mas aí já houve “oposição” da junta (o que faz a diferença de cores!)

3. Em 2005 a junta “mudou” para o PS e tudo fica na mesma.

4. Nas eleições desse ano os candidatos do BE à junta apresentaram uma proposta para a criação de áreas ajardinadas onde os drogados pudessem “passar o dia condignamente”!!!!!!!!!! Os camelos que lá moram e trabalham que se lixem.

E então, há alternativa? Da esquerda à direita todos acham que aquilo é uma fossa céptica para onde mandam a merda que a sociedade caga.

E não pensem que esta frouxidão da junta do Beato é apenas nesta área da segurança. É em tudo: na saúde deixou que se fechasse a extensão do Centro de Saúde, única instalação de saúde existente naquela área, sem que tivesse feito nada, nem que fosse mobilizar a população contra isso, nos transportes a Carris vai acabando com os serviços e a junta fica “a ver”, e por aí fora.

E depois ainda querem que sejamos tolerantes e pacientes com os drogados. Se calhar também temos que o ser com estes políticozecos de bairro.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

O Logro

Estava eu ontem a ver o Telejornal na RTP1 quando apareceu uma notícia cujo título (que surgiu em rodapé) era “Portugal já recebeu 8 milhões de euros do Mundial”.

Eu, na minha ingenuidade pacóvia, fiquei logo a fazer planos para investir os cerca de 80 cêntimos a que teria direito.

Afinal foi tudo uma ilusão. Quem recebeu os tais 8 milhões não foi Portugal, mas sim a Federação Portuguesa de Futebol.

Triste país este, que já se confunde com uma agremiação pseudo-desportiva.

Acho eu.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Os Senhores Doutores Juízes

Li no Correio da Manhã ( http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=206659&idCanal=10) que no Tribunal da Boa-Hora (raio de nome para um tribunal) um julgamento de uma traficante de droga tinha acabado com a absolvição da criminosa (“arguida” ou “alegada autora do alegado crime” em politiquês-correctês).

A criminosa em questão foi apanhada na Portela quando chegava de Amesterdão com cinco (5) quilos de comprimidos de ecstasy (o que dá mais de 20 mil comprimidos dessa merda).

Ao chegar ao tribunal a criminosa contou uma história da carochinha aos (levantem-se todos) Senhores Doutores Juízes (podem-se sentar) segundo a qual tinha estado em Amesterdão a convite de um homem com quem tinha uma relação amorosa e que lhe tinha prometido arranjar em emprego. Como a criminosa receou que esse emprego fosse na área do entretenimento masculino (mais um termo do politiquês-correctês para a expressão “ia para puta”) resolveu fugir de lá, antecipando o regresso a Portugal. De acordo com a criminosa, o tal homem, aproveitando a vinda da sua protegida a Portugal, pediu-lhe para que ela trouxesse 3 prendas para alguém que ela não conhecia, mas que entraria em contacto com ela quando chegasse a Lisboa. E ela, que não sabia que prendas eram, fez-lhe o favor.

Tal como deve ter acontecido convosco, também os (levantem-se novamente) Senhores Doutores Juízes (podem-se sentar) acreditaram na veracidade desta história e deixaram a criminosa em liberdade.

O processo entretanto chegou ao Tribunal da Relação que deu razão ao Ministério Publico e, por isso, a criminosa vai voltar a ser julgada.

Depois desta história só me consigo lembrar da acusação que os (levantem-se por favor) Senhores Doutores Juízes (podem-se sentar) fizeram ao governo quando este tentou reduzir as férias judiciais para valores próximos (mas não muito) dos das férias do resto da ralé e acabar com outras mordomias: o governo está a denegrir a imagem dos magistrados perante o resto da sociedade. Oh Senhores Doutores Juízes, o governo já não precisa fazer nada nesse sentido! Os Senhores conseguem-no sozinhos!

Acho eu.

Já agora, como é que está o megrda processo “Casa Pia”?

NOTA DE RODAPÉ (15/Jun/2008): entretanto a notícia do CM deixou de estar disponível na Internet

terça-feira, 27 de junho de 2006

Era uma vez a Baixa

Por vezes lembro-me da Baixa de Lisboa de há 20, 30 anos. Da Baixa em que eu ia às compras com a minha mãe e, às vezes, com a minha avó e tia.

Era uma Baixa que, se a memória não me atraiçoa, tinha muito menos carros, mas mais autocarros e eléctricos que hoje.

Também tinha outra coisa que hoje em dia já só é uma lembrança vaga, que era a de se poder andar calmamente sem sermos importunados de 1 em 1 metro. Havia, como sempre houve e sempre haverá, pedintes, mas estes eram em menor número que hoje e não eram, pelo menos pela forma como os recordo, tão peçonhentos como os de hoje.

O tempo passou, eu cresci e a Baixa definhou.

Hoje já não há Grandellas nem Grandes Armazéns do Chiado, nem a Biagio Flora, em cuja montra eu me deliciava e sonhava a olhar para os comboios que lá se encontravam (a preços quase iguais aos de hoje, diga-se em abono da verdade).

O número de automóveis aumentou ao mesmo tempo que o de autocarros diminuiu e os eléctricos quase que se eclipsaram, em nome do “puguesso”.

Tal como já se dizia nessa altura, há quem diga que a Baixa está a morrer. Eu concordo.

Para além da mudança de hábitos e da falta de moradores, nos últimos anos a Baixa começou a apresentar algumas “células cancerígenas”. Dos mendigos e vendedores de pensos rápidos dessa época passou-se para uma miríade de pedintes, vendilhões, pseudo-inquiridores e outros elementos parasitários que em nada servem para a causa da Baixa.

Os pedintes, graças à enorme população de drogados (toxicodependentes no léxico político-correcto) e da porcaria dos romenos (Ceausescu volta que estás perdoado) aumentaram de forma incrível. Qualquer dia terão que fazer promoções e campanhas de marketing se quiserem receber alguma esmola.

Depois há os vendilhões: ciganos de 5 em 5 metros a vender óculos de sol, máquinas fotográficas (que eu não digo que são roubadas para que o SOS-Racismo não me caia em cima – já bastou a da “porcaria dos romenos”) e maconha.

E depois há o pior de tudo, a praga das pragas: os vendilhões mascarados de empresas de inquéritos. Começaram por habitar a Rua Augusta e, a pouco e pouco, foram-se espalhado pela Baixa.

Neste momento não há rua por onde se possa passar sem se ser importunado por essa gentalha inútil. Os comerciantes já se queixam, e com razão, das perdas que têm por causa desses empecilhos. Os clientes das lojas da Baixa queixam-se, e com razão, que não podem parar para ver uma montra sem levarem com um “Bom dia, está bem disposto?” ou um “Bom dia, trabalha dentro ou fora de Lisboa?”.

Quando se diz que “NÃO” por vezes tornam-se violentos e malcriados, como se nós tivessemos obrigação de os aturar.

As autoridades, como acontece em qualquer país como o nosso, que não passa de uma ópera-bufa de 20ª categoria, não fazem nada para acabar com isto, a não ser quando alguém se passa de vez e manda um gancho de direita directamente ao focinho de um desses execráveis. E vive-se assim: queremos ir à Baixa, nem que seja para passear e descontrair e saímos de lá, por vezes, ainda mais enervados do que quando chegamos. E tudo isto por causa de um bando de mafiosos com uns funcionários com trabalho de puta, parados às esquinas a abordar potenciais clientes, com a diferença que as putas abordam e se levam uma nega viram as costas e vão-se embora; estes levam a nega e não desgrudam.

Como solução para isto apresento duas hipóteses:

  1. Usar estes seres como escarradores. Dizemos-lhe “NÃO”, eles insistem e a gente limpa a garganta;
  2. Entrar no jogo deles, ir até ao escritório e ao se chegar lá partir-se aquela merda toda. Dúvido que eles chamassem a polícia.

E assim se vai matando de vez a Baixa. O golpe de misericórdia seria seguirem para a frente com aquele pseudo-projecto de retirar os ministérios da Praça do Comércio e transformá-los em hotéis “de charme” (com um nome destes parecem bordéis de luxo).

Como nota de rodapé, e em jeito de despedida: parabéns a quem teve a ideia de instalar uma esplanada nas arcadas do Teatro Nacional Dona Maria II. Não é que considere aquele local o indicado para uma esplanada, mas pelo menos “limpou-se” aquela área dos parasitas que passavam o tempo lá sentados ou deitados. Afinal de contas, aquilo é um edifício histórico e para nós, lisboetas, tem muito significado, ao contrário do que acontecia com os elementos de certas minorias étnicas que faziam daquilo sala de estar.

Acho eu.


sexta-feira, 23 de junho de 2006

Homenagem a um grande e-mail

Chegou-me às mãos o e-mail que transcrevo tal qual me chegou. Desconheço quem seja o seu autor ou autores, mas tiro-lhes o chapéu. Provavelmente já o terão visto, mas dado que o espírito que lhe está inerente é essencialmente o mesmo em que se baseia este site, não pude deixar de o publicar nestas páginas.

Assim, e com a devida vénia ao(s) seu(s) anónimo(s) autor(es), aqui vai:

*BANDEIRAS DE PORTUGAL NAS JANELAS*

Cá por mim, vou pôr uma Bandeira na janela, quando:

- Portugal deixar de ser o país da Europa com maior indice de abandono escolar, analfabetismo e corrupção.

- Em Portugal, ninguém que trabalhe ou queira trabalhar ou tenha trabalhado toda a vida, ou que não possa trabalhar; passe fome.

- Se construirem menos Centros Comerciais maiores da Europa do que Centros de Saúde, Hospitais, Escolas e Infantários.

- Nas escolas, ESBAL, os alunos não tenham que ir para as aulas com um balde, para apanhar a àgua que escorre dos tectos.

- Não se tiver que retirar os pianos de uma sala de uma Escola Superior de Música, porque o chão ameaça ruir.

- Os morangos com açúcar sejam exclusivamente uma sobremesa.

- Acabar a pouca vergonha do Estado (com o dinheiro dos cidadãos) gastar 3.500.000€ com transportes dos Deputados e milhares de cidadãos não terem dinheiro nem para comprar o passe.

- As crianças e os velhos forem tratados com dignidade, pelos pais, filhos, professores, educadores, instituições e políticos.

- Os papás ensinarem as crianças que os Professores devem ser respeitados.

- Todos os professores forem competentes.

- A polícia deixar de fingir que não vê as lutas de pit-bull nas diversas Trafarias do País, bem como as corridas a 250 Km/h em várias Pontes Vasco da Gama do País, às 6ªs feiras à noite.

- As televisões entenderem que, ao transformar os Incêndios em grandes espectáculos de variedades, estão a transformar os incendiários em realizadores e produtores de grandes programas de televisão, o que os enche de vaidade e é altamente motivador.

- Se investigar como é que aquele senhor arranjou dinheiro para comprar o Ferrari.

- A violência doméstica, a pedofilia, a violação e todos os crimes cometidos contra crianças, forem punidos com 50 anos de cadeia.

- Os novos submarinos forem trocados por equipamento para apetrechar condignamente todos os hospitais e escolas do país, e com o que sobra, se comprar tractores e traineiras.

- Os bébés das mães portuguesas, deixarem de ir nascer a Badajoz.

- A selvajaria anual de Barrancos, acabar por falta de espectadores.

- Os jornais, revistas, programas de rádio e de televisão, chamados de desportivos souberem que além do futebol, se praticam mais 347 outros desportos e que mesmo no futebol, há outros Clubes além do Sporting, do Benfica e do Porto.

- Não houver 19 causas nº 1 de morte em portugal, conforme o idiota que estiver na altura a ser entrevistado na televisão ou na rádio.

- O Joel Costa, que faz crónicas na Antena 2, for condecorado no Dia de Portugal, em vez do Mourinho.

- Não houver ninguém a afirmar que há 700.000 portugueses com reumatismo, 1 milhão com asma, 500.000 impotentes, 350.000 c/ osteoporose, 800.000 c/ transaminase pélvica, 430.000 c/ tuberculose, 685.000 c/ deficiência renal, 6.780.000 c/hipertensão, 2 milhões c/sinusite claustrofóbica, 843.000 c/ panaríceos isquémicos galopantes, 2.400.000 c/ problemas auditivos, 300.000com hérnias discais, 210.000 c/ béri-béri abdominal, 780.000 c/ diversos tipos de cancro e 600.000c/ hipersíase traqueovisceral crónica, para preocupar as pessoas com a prevençao e os médicos cobrarem 80 € por consulta.

- Não houver nenhum 1º Ministro que tenha a lata de de abandonar o País à má fila, em plena crise, para ir sôfregamente atrás de um qualquer tacho mais aliciante.

- A gripe das aves não tiver direito a mais do que 1 minuto de tempo de antena, por mês, incluindo a informação de que morreram 1 indonésio e 2 chineses, quando nos 5 segundos que demorou a noticia, moreram mais de 700.000 pessoas com outras 250 doenças e 300.000 crianças morreram de fome, de malária e de cólera em África.

- Nenhum governante tiver o desplante de dizer que "abriu a época oficial de incêndios".

- O nº de óbitos motivados por incompetência ou negligência médica for zero

- A TVI encerrar por total falta de audiência.

- A maioria dos Jornalistas souber falar e escrever português, e deixar de fazer constantemente perguntas idiotas aos entrevistados.

- A população não eleger para Presidentes de Câmara indivíduos fugidos à justiça.

- Houver, no estrangeiro, tantas pessoas que conheçam o Eusébio, o Figo, o Cristiano Ronaldo e o Mourinho, como o Camões, o Prof. Agostinho da Silva, O Maestro Vitorino de Almeida, O Prof. Vitorino Nemésio, o Fernando Pessoa e muitos, muitos outros que nunca deram um pontapé numa bola.

- Houver tantos Portugueses que sabem quem são, a Maria João Pires e a Helena Vieira da Silva como os que sabem quem são o Pinto da Costa, o Valentim Loureiro, o Luis Filipe Vieira, o Manuel Goucha, a Cátia Vanessa, o Abrunhosa, a Júlia Pinheiro, a Quicas Vanzeler, e o Mantorras.

- As Helenas Vieira da Silva não tiverem que emigrar para fazer carreira em países civilizados.

- O peixe não chegar às mesas de quem o pode comprar 10 vezes mais caro do que foi vendido nas lotas, para que mais pessoas o possam comer e menos intermediários se possam encher.

- Os caçadores deixarem de, sistemáticamente, abandonar os cães, no fim da época da caça ou, forem presos se o fizerem.

- Os autores dos programas infantis de televisão, perceberem que uma criança não é um atrasado mental.

- Os pequenos e médios Empresários Portugueses não comprarem o 2º Mercedes e a casinha no Algarve, antes de pagarem os ordenados que devem aos Trabalhadores, as Facturas que devem aos Fornecedores, e as contribuições que devem à Segurança Social e ao Fisco.

- Os projectos Aeroporto da Ota e TGV, tiverem sido unicamente brincadeiras de mau gosto.

- O Estado e as Câmaras Municipais pagarem os milhões que devem aos Fornecedores e outras Entidades credoras.

- Os alunos dos diversos graus de ensino, passarem de ano por terem tido notas para isso e não porque os papás apresentaram recursos idiotas e os Professores e os membros dos Conselhos Directivos tenham medo de perder o Emprego.

- Nenhum ministro, nenhum professor, nenhum jornalista disser "tênhamos" ou "póssamos".

- Não for possível ouvir no noticiário de uma rádio uma "jornalista" dizer frases como esta: "A Câmara de Lisboa tem um projecto para a construção de um viaduto sobre o bairro da Graça, para facilitar o tráfico no local ", ou outros 500 dizerem que "Um batalhão da GNR vai para Timor, sobre o comando do Major Lopes da Silva" ou outros 1500 dizerem : "O Ministro Lopes da Silva foi um dos primeiros que chegou ao local do incêndio ".

- Houver mais pessoas a ouvir os Madredeus do que o Quim Barreiros.

- Não for possível assistir ao espectáculo deprimente, com direito a transmissão em directo pela televisão, de um 1º Ministro ir a Troia, com toda a comitiva, para a varanda de um apartamento alugado e pago com o dinheiro dos nossos impostos, carregar num detonador faz-de-conta (de cartão e esferovite), para teatralizar a implosão de um prédio abandonado, como se se tratasse do lançamento de uma nave para a lua, com 3 astronautas portugueses a bordo.

- As obras públicas, deixarem de custar sistemáticamente mais do dobro do que foi orçamentado e adjudicado e que a palavra "derrapagem" seja substituída pela palavra "roubo".

- Nas greves, deixe de ser possível, sistemáticamente, o Governo ou as Administrações das Empresas dizerem que houve uma adesão de 15% e os Sindicatos dizerem que a adesão foi de 95% (um deles, ou os dois, estão a fazer de nós, palhaços).

- Os Polícias não tiverem medo dos Ladrões, os ladrões tiverem medo dos polícias e os cidadãos normais não tiverem medo dos polícias.

- Figuras ridículas do tipo s Castelo Branco, Cinhas e outros Jardins, Hermans Josés (pós 1995) Lilis Caneças e mais 5.000 figuras destas que aparecem na televisão e nas Revistas, bem como os Editores das mesmas, estiverem internadas em Unidades de Saúde Mental.

- O sr. Marques Mendes não tiver a lata de criticar o sr. Sócrates por ter aumentado o IVA de 19% para 21%, e de vender património, quando no Governo anterior, da cor dele, a primeira medida que foi tomada, foi aumentar o IVA de 17% para 19% e ao longo do mandato, só não se ter vendido a Torre de Belém, os Jerónimos e o Convento de Mafra porque não apareceu nenhum dos grandes Empresários da nossa praça, interessado, já que nenhum destes edificios dá para transformar em Centro Comercial.

- Os médicos , fizerem greve para obrigar os Governos a dar condições de assistência digna aos cidadãos, em vez de as fazerem exclusivamente por motivos de dinheiro.

- Os professores fizerem greve para obrigar os Governos a transformar o ensino numa actividade digna para eles e para os alunos e não só por motivos de dinheiro e outros interesses pessoais.

- Os Trabalhadores e os Médicos que validam baixas fraudulentas, forem presos.

- As Empresas deixarem de adulterar as Contas, para fugir ao Fisco.

- As áreas de serviço das auto-estradas deixarem de ter clientes, por as pessoas não gostarem de ser escandalosamente exploradas.

- Não houver mais telemóveis topo de gama do que cidadãos.

- Todos os comentadores da bola que debitam verdadeiros tratados de futebol na televisão e na rádio e escrevem nos pasquins, forem contratados para treinadores dos maiores clubes, pois só assim esses clubes podem ser todos campeões.

- Os médicos deixarem de se pavonear nos corredores e nos bares dos hospitais, com o estetoscópio pendurado ao pescoço, pelo mesmo motivo porque os informáticos não andam com o rato, as costureiras não andam com a fita métrica, os boxeurs não andam com as luvas de boxe, os jogadores de snooker não andam com os tacos e os bombeiros não andam com as mangueiras.

- Os milhentos dirigentes das milhentas Fundações, fizerem alguma coisa útil, além de receber o ordenado.

- Não for verdade que os Deputados faltaram em massa ao trabalho para irem passar um fim de semana prolongado, ao Algarve e isso ser a coisa mais natural da vida.

- Nenhum médico operar o pé esquerdo, são, de um doente que tinha um problema grave no pé direito e, no fim, justificar-se com: "até foi bom, porque assim, já não vai ter o problema no pé esquerdo" sem ser imediatamente expulso da Ordem dos Médicos.

- Só houver palhaços, nos circos.

- A Publicidade enganosa levar os anunciantes, à prisão.

- Os projectos de construção forem efectuados por Arquitectos e Engenheiros, e os construtores civis só tratarem da construção.

- Se souber o resultado de UM SÓ dos inquéritos que se diz terem sido levantados a diversas figuras públicas e Entidades oficiais, pela presunção de diversos crimes.

- Nas clínicas privadas a grande maioria dos partos deixar de ser feita por sesariana com data marcada, porque uma cesariana factura muito mais e dá muito mais honorários ao médico, do que um parto natural.

- As jóias, os Rolls, os Ferrari, os Maserati, os Porshe, os Veleiros, os Rolex ,os telemóveis topo de gama, as lagostas, o caviar, os visons, etc, forem taxados a 500% de IVA , os automóveis de 1000cc, a 5% e as batatas, o arroz, o azeite, o leite, o açúcar, a fruta, as couves, o pão, os ovos, os frangos, e os transportes públicos, a zero.

- Encontrar num restaurante ou num café em Portugal, mais empregados portugueses do que brasileiros.

- O futebol voltar a ser um desporto.

- Os nossos deficientes que vão aos Jogos Paralímpicos, não precisem de andar previamente a fazer peditórios públicos para arranjarem dinheiro para as despesas de deslocação aos mesmos e tenham direito a ser falados em caixa alta, nos jornais, nas rádios e nas televisões, quando estão a competir e quando regressam, carregados de medalhas (ou não).

- As ementas dos restaurantes no Algarve estiverem escritas em português.

- Entre os indivíduos que têm poder para instalar sinais de trânsito, não haja nenhum pateta.

- Ninguém for ao aeroporto, à chegada da selecção nacional, eliminada do campeonato do mundo, só para ofender selváticamente o seleccionador nacional.

- Nas escolas de condução se ensinar as pessoas a conduzir, em vez de ensinar a fazer inversão de marcha, a arrumar o carro e a não deixar o motor ir a baixo.

- Os Joões Pintos, os Sabrosas, os Decos, que proliferam no futebol português. apanharem 20 jogos de suspensão, cada vez que simulam um penalty, da mesma forma que quem rouba uma carteira vai preso.

- Os meus filhos e todos os outros Portugueses da sua geração, puderem planear a vida a mais de 3 meses e os meus netos e os dos outros Portugueses, tiverem alguma perspectiva de viver um futuro com dignidade.

- E por fim, quando conseguir uma consulta de Oftalmologia no Hospital Egas Moniz, que pedi há mais de um ano.

No dia em que tudo isto, ou quase tudo isto, acontecer, juro que ponho Bandeiras de Portugal bem grandes em todas as janelas da minha casa (se ainda tiver casa, se a casa ainda tiver janelas e se Portugal ainda existir).

Mesmo que a selecção NÃO SEJA apurada para o Mundial de Futebol !

Até lá, fico recolhido em casa com as janelas bem fechadas, cobertas com cortinados bem opacos, profundamente envergonhado.

Se alguém souber quem é o autor desta maravilha...

A RTP e as “minorias”

Em plena orgia futebolística a RTP resolveu mimosear a minoria de portugueses que gostam de assistir aos grandes prémios (GPs) de Fórmula (F1) com a não transmissão em directo dos GPs do Canadá e dos EUA, substituindo essas transmissões por resumos às 02:45 do dia 26 de Junho (GP do Canadá) e às 02:30 do dia 3 de Julho (GP dos EUA).

Isto pode-se até considerar normal numa TV como a RTP que, tendo comprado os direitos de transmissão dos GPs da F1, nunca tem um enviado junto do grande circo, limitando-se a ter 2 comentadores em estúdio (em Lisboa) a mandar uns bitates de vez em quando e a ler as classificações pela Internet. Por vezes, como aconteceu nos treinos de um dos últimos GP, o acesso à Internet fica lento ou empanca e ficam os ditos comentadores “à nora”. Para compensar, para o Mundial foram enviados pela RTP não sei bem quantos jornalistas e técnicos. O curioso é que a RTP nem sequer detém os direitos de transmissão dos jogos, ao contrário do que se passa com a F1.

Mas o desprezo que a RTP manifesta para com os espectadores dos GPs de F1 não fica por aqui. Em todas as transmissões de 15 em 15 minutos - confesso que não sei exactamente o intervalo de tempo, pelo que devem entender estes 15 minutos mais como expressão do que como valor real – há uma pequena interrupção para anúncios, onde, para além do bloco publicitário normal, ainda levamos com a interminável lista de patrocinadores. Ao fim de quase 5 minutos lá é retomada a transmissão do GP. Ora, em 5 minutos muita coisa pode acontecer numa corrida de F1, e muitas vezes ocorrem precisamente nesses tais 5 minutos de publicidade situações que marcam a corrida. No futebol, ou em qualquer outro “desporto de bola” essas interrupções nunca acontecem. Já imaginaram o que seria se fizessem o mesmo, por exemplo, num jogo de futebol da selecção? Caíria o Carmo e a Trindade

Acho eu.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

O Orgulho Português

Anda tudo muito excitado com o Mundial de futebol. É a mais bela bandeira do Mundo, motivo para que haja mais um registo com o nome de Portugal no Guiness Book of Records, logo, mais um motivo de orgulho, são as vitórias da selecção e as bandeiras junto ao coração……… BLARGH, não há pachorra.

Ao mesmo tempo que isto acontece apareceu, de forma muito envergonhada, uma notícia que em qualquer país com a dimensão do nosso seria de facto motivo de orgulho: na revista Nature era anunciado que um cientista português (sim, português e cientista), de seu nome José Silva, descobriu um gene que permite que células no estado adulto se transformem e “voltem” para o estado estaminal.

Ora, como disse antes, uma tal notícia deveria ter lugar de destaque, não só pela descoberta em sim, mas, principalmente, pelas implicações que tal descoberta poderá vir a ter na medicina. Ainda por cima tendo a descoberta sido feita por um português.

Na maravilhosa imprensa lusitana apenas vi no Publico a notícia de tão importante evento. No resto dos órgãos, ou por falta de atenção da minha parte ou mesmo de pachorra para os ler, ver ou ouvir, não vi nada. Por exemplo, no site da TSF, rádio que já foi considerada de referência no espectro informativo nacional, não há uma única alusão ao facto. Nas públicas RTP/RDP, que por serem públicas tinham a obrigação de fazerem muito mais nesta área, passa-se o mesmo.

Para compensar em qualquer um destes (ou outros) órgãos podemos ficar a saber tudo sobre a selecção nacional: o que comeram, o que vestiram, se os jogadores estão obstipados intestinalmente…… Dá ideia que em Portugal o que importa mesmo é o futebol. O resto é paisagem. Quanto a motivos de orgulho contentemo-nos com a mais bela bandeira, a maior árvore de Natal da Europa, o maior pão-de-ló e, já que estamos numa de maiores , talvez a maior concentração de parolice que existe à face da Terra.

Acho eu.