domingo, 23 de novembro de 2008

Mais outro exemplo de bom planeamento

No Diário de Notícias de hoje vem uma notícia sobre o que se pensa fazer na zona da Matinha (e zonas adjacentes). Entre as várias coisas anúnciadas, nas quais se inclui uma "piscina de mar aberto" na Doca do Poço do Bispo, aparece por lá "que além de uma urbanização, o" plano "prevê o desmantelamento do viaduto da entrada sul do Parque das Nações (na Avenida Marechal Gomes da Costa)"! Ora, este viaduto tem apenas 10 anos e meio (11 no máximo) de uso e foi construído em betão, logo, penso eu, sem o intuito de ser uma obra provisória. Desconheço quanto terá custado a sua realização, mas não me parece que tenha sido barato. Sendo assim não se entende mais esta excelente medida de gestão. No seguimento da notícia fala-se na criação de acessos pedonais até ao rio, o que, para mim, ainda justifica mais a existência daquele viaduto, já que boa parte do tráfego é para ele canalizado, diminuindo a "pressão automóvel" ao nível do solo e facilitando assim a travessia pedonal até ao Tejo.
E assim se brinca ao faz-de-conta-que-estamos-a-gerir-um-país, fazendo e desfazendo obras que custam milhões apenas por meros caprichos "urbanísticos". Crisis, what crisis?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Planeamento

Ultimamente tenho assistido a exemplos de mau planeamento que me fazem ficar com dor de cabeça.
Começando por Alcântara, derrubou-se ou desmantelou-se a passagem pedonal ali existente e que permitia uma ligação mais rápida e facilitada entre as estações ferroviárias de Alcântara-Mar e Alcântara-Terra. A razão para isso foi uma quimera chamada de "Nova Alcântara" que, aparentemente e pelo que percebi do pouco que que vi do último debate do programa da RTP Prós e Contras, nem se sabe muito bem como vai ser. Segundo alguns dos intervenientes desse programa, a ligação ferroviária entre as duas estações/linhas pode nem sequer vir a ser feita devido a sua inexequibilidade! Nesse caso, e como eu disse anteriormente, qual o motivo para terem desmantelado aquela estrutura? E qual a qualidade de vida e a segurança obtida com isso pelos milhares de passageiros que usam aquela ligação diariamente. Ainda ontem tive que fazer aquele trajecto e gastei metade do tempo dispendido apenas para atravessar a Rua Prior do Crato, isto porque naquele cruzamento ,e para quem venha do ou queira ir para o lado de Alcântara-Mar, não existe uma passagem de peões do lado da estação!
Avançando uns quilómetros para oriente vamos agora até Xabregas. Aí foi construído, como eu também já referi, uma ampliação do Terminal de Contentores de Santa Apolónia (TCSA) e feita uma renovação da operação no Terminal Multipurpose do Beato (TMB) que incluí investimento em equipamento (novas gruas) que não será propriamente barato. Existia já na altura também o terminal de cereais o qual tem um movimento apreciável.
Pois bem, nem 10 anos depois de tudo isto apareceu a famosa terceira travessia do tejo (TTT) em Lisboa, a qual passará precisamente entre o TCSA e o TMB. Logo à partida houve vozes que se questionaram sobre o impacto dessa ponte na operação portuária daquela zona, tendo a resposta para isso sido, nessa altura, mais obras no TCSA! Agora aparece a CMLisboa a propôr uma alternativa à chegada da ponte a Lisboa, a qual passa pela construção de um túnel do qual sairá a ponte propriamente dita. Isto implica um abaixamento do tabuleiro da TTT em cerca cinco metros face ao previsto anteriormente, ficando a TTT mais baixa que a Vasco da Gama, que se encontra a montante, situação essa já existente no projecto anterior. Temos assim várias situações que poderiam ser anedóticas caso não fossemos nós a pagá-las:
  1. Quando se construiu a Vasco da Gama fez-se uma ponte mais elevada, pagando-se mais por isso, altura essa que, pelos vistos, num futuro próximo não irá servir para nada;
  2. Investiram-se milhões de euros em instalações e equipamentos para revitalizar aquela zona portuária (incluindo o viaduto de Santa Apolónia para ligação ferroviária ao porto) que agora correm o risco de ficarem sub-aproveitados ou desaproveitados de todo.
Com isto tudo até me esqueci de dizer que estamos a falar de um país como Portugal, onde os governantes nos dizem constante e sistematicamente que o dinheiro não chega para tudo, mas que se permite dar ao luxo de proceder a este tipo de planeamento sem cabeça nem nexo!

sábado, 15 de novembro de 2008

Querem mesmo acabar com o porto de Lisboa (e com a zona oriental)!

Depois do Terminal de Contentores de Alcântara segue-se o Terminal de Contentores de Santa Apolónia/Xabregas (TCSA) e o Terminal Multipurpose do Beato (TMB)! A Câmara Municipal de Lisboa (CML) preocupada com o impacto paisagístico da nova ponte aparece agora a defender que a mesma deveria ser baixada 5 metros e entrar em túnel nos terrenos da Escola Secundária (ex-Industrial) Afonso Domingues!
Baixar em 5 metros a altura da ponte?
Se a proposta feita anteriormente já causava problemas às operações portuárias, havendo até especialistas que afirmavam que a ponte apresentada por essa proposta já era mais baixa que a Vasco da Gama, a CML agora apresenta uma nova "solução" ainda mais baixa? Sempre pensei que as pontes iam baixando de altura à medida que nos deslocavamos para montante de um rio, mas aparentemente não! Baixando a ponte em 5 metros que impactos terá isso na actividade portuária? Conseguirão os navios chegar ao TMB? É que o traçado da ponte passa precisamente pela entrada desse terminal! Ou será que esse terminal é para acabar? E para o TCSA, que fica a jusante da ponte, mas encostado a ela? Conseguirão os navios fazer ou ter espaço para fazer as manobras de atracagem? Para os que não sabem, essa manobra é feita em função da maré, atracando sempre com a proa virada contra a corrente. Quando a maré está a subir os navios que entram no Tejo são obrigados a virar e isso precisa de espaço!
E tirando esses tais 5 metros, que impacto terá isso na paisagem e na cidade? Uma ponte mais elevada não terá menor impacto que uma mais baixa? E não ficará mais junto às casas e tudo o mais que existir nas margens? E isso não implicará derrubar mais coisas do que aquelas que já iriam abaixo com a outra proposta? Que impactos teria tudo isso na zona de Xabregas e Beato? E já agora, o túnel seria para quê? Para a linha de comboio ter que descer para depois subir?
E tudo isto porque antes da actual vereação existiu uma outra que criou uma "embrulhada daquelas" nos terrenos da antiga fábrica de sabões na Estrada de Marvila, local de onde poderia sair o acesso à outra alternativa a esta ponte, sendo que com essa solução poder-se-ia, finalmente, construir uma verdadeira estação terminal ou central de Lisboa nos terrenos que existem no Vale de Chelas e que são do domínio público ferroviário (há sempre o perigo de uma Gare do Oriente II). Em caso de dúvidas quanto a isso sugiro uma viagem de comboio entre o Areeiro e Braço de Prata. A seguir ao Areeiro, do lado esquerdo, reparem numa vedação verde que fica junto à linha e que marca a "fronteira" entre os terrenos da Refer e os restantes. Uns metros mais à frente repararão que essa vedação passa para o outro lado do vale, indicando que tudo o que está nesse espaço é da Refer! Continuando a viagem, a seguir a Chelas e depois de se passar numa zona de trincheiras repararão no descampado com vista para o rio que fica à direita do comboio. Esses são os terrenos da "embrulhada".
E assim se faz um país. Será que isto é um país com futuro? Eu acho que não. Um país que vive ao sabor do vento e de quem pode "comprar" mais vale acabar. Tal como querem fazer em Lisboa mais concretamente na sua zona oriental e no seu porto comercial!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Aqui está uma daquelas coisas que realmente me...

Há coisas que me deixam lixado, mas uma das que mais me lixa são os atrasos. Nunca conseguirei perceber por que as pessoas se atrasam quando marcam uma hora para fazer o que seja.
Quantas vezes não se marcam encontros, jantares, saídas para uma hora qualquer e há sempre alguém que não aparece, normalmente o mesmo "repetente" de todas as outras vezes. Antigamente era uma seca este tipo de coisas, mas com a chegada dos telemóveis essas situações acabaram por se tornar menos "secosas". 10 minutos depois da hora combinada faz-se uma chamada para o "faltoso" e quando este reponde "ia mesmo agora sair" passa-se a bola para os "não-faltosos", os quais vão dar uma volta pelas redondezas para passar o tempo. E aqui fica uma das razões para os atrasos: quando se marca uma hora para estar num sítio, é mesmo para estar nesse sítio a essa hora e não a sair de casa nesse momento. Como sou um dos "não-faltosos" um dia resolvi atrasar-me. Ficou tudo em pânico! "Ele nunca se atrasa, onde é que ele estará?", "O que lhe terá acontecido?" E mesmo assim só me atrasei 5 ou 10 minutos!
E isto não é só para as saídas "lúdicas". No trabalho é a mesma coisa.
Neste momento estou à espera da chegada de um fornecedor para uma reunião de arranque de um projecto, reunião essa marcada para as 10:30. São 11:50! Nem aparece, nem diz nada.
Deve ser a minha sina, levar com atrasados a vida toda, mas que esta é uma daquelas coisas que realmente me ..., nisso não tenho dúvidas

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Como?

Numa das minhas deambulações virtuais pela internet dei de caras (virtualmente, claro) com um pdf, alojado no site da Agência Portuguesa do Ambiente, relativo às medidas a adoptar para inverter a tendência de perda de passageiros dos transportes públicos para o transporte individual. Nesse documento enumeram-se várias acções a desenvolver para atingir esse propósito no período de 2007 a 2012.
Lá pelo meio aparece a parte referente à Carris e à sua Rede 7. Curiosos são os resultados esperados com esta reestruturação toda:
Então a Carris anda com este programa todo, onde gastou vários milhares de euros só em campanhas publicitárias para no fim ser só para ter um acréscimo de 2% na procura!? E apesar do grande regozijo demonstrado pela administração da empresa relativamente aos resultados de 2007, só houve um aumento da procura de 0,46% em relação ao 2006?
Espero que estes valores sejam gralhas de quem escreveu o documento, caso contrário fico com vontade de perguntar se não andarão a brincar com isto tudo!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Mais uma petição

Depois da petição encabeçada por Miguel Sousa Tavares (MST), denominada "Lisboa é das Pessoas. Mais contentores não!" contra a ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara, apareceu uma outra criada por João Carlos Quaresma Dias e contrária à de MST, intitulada "Em Defesa de Lisboa", a qual eu assinei. As razões para isso são simples: Lisboa nasceu devido ao porto natural que é e sempre foi o estuário do Tejo. Acabar com o seu porto é matar uma parte importante não só da cidade, mas também e principalmente da sua História e mesmo da sua razão de ser.
Quanto a MST continua na sua luta pois, segundo ele, um terminal daquela dimensão iria criar uma parede de contentores com 15 metros de altura (são 5 contentores empilhados) por não sei quantos de largura, tapando todo o rio e mais não sei o quê. Ora, MST esquece-se, ou talvez nem saiba, que um contentor é um objecto que é feito para andar de um lado para o outro e não para ficar parado, pois isso só traz prejuízo a quem o possui e a quem o aluga, o que implica que a tal parede de 15 metros de altura é "volátil", desaparecendo tão
rapidamente da face da terra como apareceu. E neste aspecto sei o que digo, pois moro mesmo em frente ao Terminal de Contentores de Santa Apolónia. Se há dias em que os contentores ficam empilhados até aos tais "15 metros", também é certo que passado um ou dois dias no máximo essa "parede" (que nem me tapa assim tanto a vista do meu 3º andar) já desapareceu.
Tendo exposto tudo isto chega agora a minha vez de propôr uma 3ª petição. A minha proposta de petição não se destina à defesa de Lisboa, mas sim a lutar contra o roubo do campo alentejano. Até se poderia chamar "O Alentejo é de todos nós. Mais reservas de caça e eventos de todo-o-terreno não!". O que acham desta ideia?
Actualmente o campo alentejano está todo dividido, sendo grande parte dessa divisão para permitir a existência de reservas de caça, actividade muito ao gosto de MST. Também as estradas de terra batida costumam ser muito usadas pelos amantes do todo-o-terreno, escorraçando ainda mais os que gostam de ir ao campo para usufruir da calma e tranquilidade que o campo pode(ria) oferecer. Engraçado, também o todo-o-terreno é uma predilecção de MST!
Pois é. Aparentemente para MST tudo o que é "bom" deve ser preservado, mas pelos vistos só é "bom" o que é "compatível" com os seus interesses e gostos pessoais. Para MST o país teria que se organizar em função dos seus gostos pessoais. Eu também gostaria que isso fosse assim, mas em relação aos meus gostos. Pode ser?
Já agora, ao apoiarem a petição de MST estão a colocar em risco muitos postos de trabalho e a contribuir para o aumento de preços de muitos produtos, devido ao aumento de custos de transporte que a saída do porto de Lisboa acarretaria para a cidade e toda a sua Área Metropolitana. Valerá a pena por causa da birra de uns quantos intelectuais da nossa praça? Não me parece.
A bem da cidade!