terça-feira, 29 de julho de 2008

26 de Abril


Esta história passa-se em Portugal, no ano de 2008, 34 anos depois da chegada da liberdade e de todos os sonhos e alegria recalcados durante 48 longos anos.

Esta história passa-se em Portugal, na cidade de Lisboa, capital de um país onde ainda há liberdade, mas onde já não há nem sonhos nem alegria.

As personagens desta história são uma piscina municipal, uma Câmara Municipal, uma Junta de Freguesia, um partido político que detem actualmente o poder na câmara municipal, outro partido político que detem actualmente o poder na junta de freguesia, um protocolo, um Presidente da Junta de Freguesia e vários cidadãos que tiveram a infelicidade de ficar no meio de tudo isto.

Em tempos foi assinado um protocolo entre a Câmara Municial e as várias Juntas de Freguesia onde se situavam as diversas piscinas municipais, através do qual ficavam as Juntas de Freguesia com a gestão das tais piscinas, comprometendo-se a Câmara Municipal a transferir para as Juntas de Freguesia as verbas necessárias para tal.

Mudam-se os tempos e mudou-se também o poder instalado na tal Câmara Municipal. E com essa mudança de poder veio uma mudança de gestão dessas piscinas, passando as mesmas a serem geridas directamente pela Câmara Municipal.

Nesta fase da história entramos no 2º acto deste folhetim e entram em cena as últimas personagens da história, os tais cidadãos que tiveram a extrema infelicidade de se verem metidos no meio deste enredo.

Em pelo menos uma dessas piscinas, os cidadãos que lá prestavam serviços estão à espera dos pagamentos devidos há algum tempo. A Junta de Freguesia achou por bem não pagar mais nada, já que a gestão da piscina passou para as mãos da Câmara Municipal. Esta, por seu lado, acha que não tem que pagar nada pois, para além dos valores em dívida dizerem respeito ao período em que a piscina ainda estava sob a gestão da Junta de Freguesia, ainda alega que os fundo para cobrir essas despesas foram transferidas para a Junta de Freguesia. No meio ficaram os tais cidadãos que trabalharam e ainda não receberam.

Instado pelos cidadãos, o Presidente da Junta de Freguesia responde sempre que já não é com ele, que agora é com a Câmara. Mas como os cidadãos não ficaram satisfeitos com tal resposta, pois na altura a que dizem respeito os pagamentos em atraso quem “mandava” na piscina era a Junta de Freguesia, começaram a pressionar ainda mais o Presidente da Junta a responder à questão “Porque não nos pagam?”. Finalmente a resposta veio: “Por motivos políticos!”

E é assim, no Portugal de 2008, 34 anos depois da chegada da liberdade e de todos os sonhos e alegria recalcados durante 48 longos anos, na cidade de Lisboa, capital de um país onde ainda há liberdade, mas onde já não há nem sonhos nem alegria, que as coisas se passam. Uma Câmara Municipal presidida e gerida por um partido, uma Junta de Freguesia presidida e gerida por outro partido (que até tem por hábito arvorar a bandeira da defesa dos trabalhadores), um punhado de cidadãos a quem não lhes pagam o que lhes é devido e uma resposta: “Por motivos políticos!”.

Dêem-nos um 26 de Abril que nos traga de volta a alegria e os sonhos do dia 25, que nos traga “as bandarilhas de esperança” para que “afugentamos a fera” que embora mais mansa, ainda nos esmaga e magoa nesta praça do Outono da liberdade. E que o o “Tejo que” leva “as águas correndo de par em par”, lave este país desta corja dirigente que da esquerda à direita vai matando este país.

Para quem ler este post peço que o distribuam por e-mail para os vossos contactos. Pode ser que este tipo de atitudes seja o nosso 26 de Abril, para que os sonhos e alegrias regressem neste país de fera amansada, onde o inteligente não manda acabar com as canções, mas de onde as “bandarilhas de esperança” desapareceram para parte incerta.

Um grande beijo para uma das cidadãs participante nesta história.

2 comentários:

  1. Os sonhos existem. A questão é que se limitam ao carro último modelo, o Home Cinema, férias em Bora Bora e vestir roupas de marca. Ou seja, o vazio interior compensado pela exuberância exterior. No fundo, nada de novo neste nosso Portugal: vistas curtas, viver de aparências e tentar que a nossa galinha seja melhor que a do vizinho.

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  2. Pois, se calhar os sonhos são só mesmo desses, levezinhos e sem qualquer ambição.

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