quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O MobCarsharing

"Que é isto?", perguntar-se-ão todos (ou quase) os que lerem isto.
Pois eu passo a explicar. O MobCarsharing é um novo serviço que a Carris lançou oficialmente ontem e que consiste no aluguer de automóveis por um período de tempo curto. Diz a empresa que tal serviço serve de complemento ao transporte público e para diminuir o uso do carro particular na cidade e arredores.
"Como funciona?", pensarão vocês.
Os carros estão (ou estarão) estacionados em "locais estratégicos" (entenda-se com acesso aos transportes públicos) para permitir a tal complementariedade. Os utilizadores podem-se inscrever (!) por telefone, internet ou numa "loja da Carris" (desconheço se isto inclui os agentes Payshop, já que quiosques e postos de venda da Carris são quase inexistentes) e recebem um cartão Lisboa Viva (são 7 euros se a memória não me falha!) para desbloquear o automóvel. As chaves da ingnição estarão dentro do veículo!
Os carros depois de utilizados deverão ser deixados no mesmo parque em que foi levantado.
A Carris ainda pretende criar um "clube de utilizadores" os quais pagarão uma taxa de inscrição (presumo que seja a "jóia"), anuidade e um preço de utilização por hora ou quilómetro (poderemos optar pelas duas ou isso não está simplesmente definido?).
Segundo a empresa quem optar por este sistema em vez da viatura própria poderá poupar até 4 mil euros para quem não exceder os 15.000 Kms/ano, isto pelo que pouparão, para além da compra, em manutenção, seguro, combustível, impostos e parqueamento do veículo!
Haverá três tipos de veículo: citadino, unitário (?) e familiar.

E depois da apresentação da coisa agora entro eu!

Sendo, segundo a Carris, a rede de transportes da cidade de Lisboa boa, muito boa ou até excelente, porque razão resolveram agora lançar este produto? Se o que existe é excelente em termos de cobertura geográfica e temporal, segundo palavras dos próprios, algo não bate certo. Estarão a entrar em projectos inúteis? Ou terão mentido sobre a qualidade da sua própria rede?
Para além disso, o que se terá que pagar para estas "deslocações curtas" nestes carros compensará quando comparado com uma deslocação em táxi que nos deixa onde queremos, ao contrário deste serviço que nos obrigará sempre a entregar o carro onde o levantamos? Já para não falar no tempo que a "burocracia" ocupa, pois para andar de táxi não preciso fazer registo do que seja!
E qual o período de funcionamento? 7 dias por semana? 24 horas por dia? É que se não for prefiro perder os tais 4 mil euros/ano e ter o meu carro disponível 24x7!
Quanto ao aluguer em si, se a ideia é complementar a rede de transportes existente, ou seja, tapar os buracos da Carris, então prefiro, mesmo que seja mais caro, alugar o carro a outra empresa que não àquela por culpa da qual eu sou obrigado a fazê-lo. Até parece a história de se pagar ao Calatrava para que ele corrija os erros que cometeu no Oriente!
Assim se faz a história dos transportes públicos portugueses!

4 comentários:

  1. Já depois de ter publicado esta mensagem descobri no site do Público uma notícia sobre isto que esclarece os preços:
    O registo dos clientes implica o pagamento de uma anuidade de 84 euros, custando o uso dos veículos citadinos (tipo Smart) 5,5 euros na primeira hora, a que se somam 0,33 cêntimos por quilómetro (os primeiros dez não são pagos).
    E os locais:
    A frota do Mob Carsharing será composta por uma dúzia de veículos de várias marcas nas categorias citadino, utilitário e familiar. Numa primeira fase haverá seis parques, o primeiro dos quais começa hoje a funcionar no Parque das Nações. Os restantes serão instalados no Campo Pequeno, Rua Alexandre Herculano, Saldanha, Campo de Ourique e Cais do Sodré.

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  2. Também não temos de ser tão fundamentalistas... mesmo que a rede da Carris fosse perfeita haveria pessoas que não a usariam por uma questão de status. Um sistema deste estilo pode de facto servir para capturar clientes de segmentos mais altos.

    Mas também fiquei muito pouco convencido com o serviço -- especialmente pela inexistência de qualquer informação sobre ele. É como a Rede da Madrugada: ou a pessoa sabe de antemão como tudo funciona ou chapéu.

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  3. Tens razão quanto a isso de sempre haver pessoas que nunca usarão a Carris (e outros transportes públicos) por uma questão de status.
    Quanto ao funcionamento da "coisa" em si, e mesmo que haja informação, não me parece que tal venha a captar clientes. Repara que isto foi apresentado como sendo destinado essencialmente para quem precise de fazer deslocações curtas. Ora para deslocações curtas ninguém se vai dar ao trabalho de andar a preencher papelada para alugar um carro. Vai-se de táxi e resolve-se o problema. Mesmo para deslocações maiores terás sempre o "problema" daquela anuidade. Ou passas a vida a usar o serviço, para "pagar" os 84 euros desembolsados à cabeça ou então, se for uma utilização esporádica, vais a uma rent-a-car na qual só pagarás o aluguer (e ainda com a vantagem de que poderás deixar o carro onde te der mais jeito e não no local onde levantaste).
    Vamos a ver no que isto dá.

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  4. Gostava de deixar aqui uns pequenos apontamentos:
    Primeiro o Site :
    http://www.mobcarsharing.pt/
    Nele estão todas as informacoes pertinentes à utilização.
    2. O carsharing não realiza concorrencia directa aos transportes públicos nem ao táxis uma vez que pretende preencher o nixo de mercado das pessoas que:
    ou não tem carro porque não acham pratico, conveniente, pouca utilização, sem lugar para estacionar etc.
    ou já tem carro mas ocasionalmente necessitam de um 2o ou 3o.

    3.Nos Rent-a-car normalmente paga-se taxa extra ao deixar o carro noutro destino que não o de origem, e no carsharing o combustível já esta incluído no serviço.

    No estranjeiro o conceito esta muito mais evoluido e a sua utilizaçao em paises como Suiça e Alemanha é surpreendente.

    Just my 2 cents

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