sábado, 24 de abril de 2010

Motorista à moda antiga

Há muito que não viajava de autocarro "fora de horas". Fi-lo ontem e surpreendeu-me pela positiva o motorista que me trouxe até casa.
Começou logo no terminal dos Restauradores, onde chegou cerca de 15 minutos antes da partida, abrindo pouco depois a porta para que os dois únicos passageiros que lá estavam pudessem entrar e esperar comodamente dentro do autocarro. Foi uma atitude que mereceu um sentido "boa noite" de mim e da outra passageira, principalmente porque neste mesmo terminal e a horas bem mais "civilizadas" são muitas as vezes que os passageiros têm que ficar a mercê do tempo que faz, enquanto os motoristas se deixam ficar até à hora de partida ou do outro lado dos Restauradores ou já na paragem, mas de porta fechada.
Às 23:40, quando o autocarro já ia arrancar, aparece um homem a correr vindo do lado da D. João da Câmara. O motorista abre a porta sem qualquer problema, ao contrário do que  acontece com muitos dos seus colegas, e deixa-o entrar. Afinal o tal passageiro, turista a arranhar um espanhol com forte sotaque do norte da Europa, não pretendia apanhar aquele autocarro mas sim dizer que tinha perdido a carteira (provavelmente roubada) no autocarro de onde tinha acabado de sair, um 36 em direcção ao C.Sodré. Mais uma vez, o motorista prontificou-se logo a ajudá-lo, fazendo uma chamada por rádio para a central, avisando de que poderia estar uma carteira perdida no 36 que ia a caminho do C.Sodré. Feito isto indicou ao turista que o outro autocarro voltaria a passar ali "mas ainda vai demorar e é do outro lado".
Durante o caminho houve duas tentativas de entrada indevida no autocarro, todas elas assinaladas pelo motorista, demonstrando assim que mesmo à meia-noite é possível cumprir essa parte do serviço, coisa que durante o dia raramente se vê fazer. Numa delas o passageiro acabou por validar o título, na outra situação a "quase-passageira" saíu do autocarro sem "piar".
Espero que haja motoristas da Carris a lerem este relato e que a postura deste seu colega lhes sirva de exemplo para praticarem um serviço que seja realmente de qualidade, sem necessidade de ISOs e outras certificações.

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