quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Cobrar a quem viaja de automóvel sózinho! Para quê?

Parece que agora querem (ou vão mesmo) começar a cobrar uma sobretaxa nas portagens a quem viaja sózinho no carro, tudo para reduzir o tráfego automóvel e as emissões de gases para a atmosfera.

Dito assim é muito bonito e até meritório mas, e na prática?

Existem em Portugal transportes públicos que permitam tal coisa?

Se se quiser partilhar o automóvel com outras pessoas, garante-se que o regresso seja feito à mesma hora por todos eles?

Sempre defendi e defendo o uso dos transportes públicos, mas nunca nestas condições. Criem primeiro boas redes de transportes (coisa díficil neste país de anarquia urbanística e pato-bravocracia). Um produto ou serviço, quando é bom, quase nem precisa de publicidade, as pessoas começam a usá-lo e vão passando a palavra aos amigos que, por sua vez, acabam por ficar a pensar se não seria de experimentar um dia and so on and so on...

Medidas destas fazem lembrar os restaurantes das Portas de Santo Antão, onde existe sempre um empregado contratado para estar apenas à porta a chamar os clientes. As pessoas que por lá passam só conseguem pensar (pelo menos eu) que se fosse bom e barato não precisariam de tanta agressividade comercial.

Nesta coisa destas taxas passa-se o mesmo: querem, à viva força, obrigar as pessoas a usar uma rede de transportes deficitária em termos de oferta e completamente desconexa e isso só irá criar mais resistências ao uso dos mesmos e, à primeira oportunidade, um exôdo dos mesmos ainda maior do que ocorre actualmente.

1 comentário:

  1. Pode ser que me engane mas, um dia (se calhar daqui a não poucos anos), quando o preço do barril de petróleo ultrapassar os 200 ou 300 USD, se calhar, pese embora as deficiências das redes de transportes urbanos, teremos mais pessoas a utilizá-las. Isto é claro se o valor dos passes não crescer exponencialmente. No limite, passamos (quem pode) a trabalhar a partir de casa e a deslocarmo-nos 1 vez por semana à sede da empresa onde trabalhamos para pontos de situação presenciais. Em muitos casos, se o teletrabalho já se tivesse afirmado como boa prática de trabalho, nem estariamos a discutir este tema.

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