quinta-feira, 23 de junho de 2011

Terreiro do Paço, ainda

A 28 de Maio do ano passado mostrei aqui algumas fotos do estado em que se encontrava o Terreiro do Paço. As obras foram decorrendo durante meses (mais de um ano, se não me engano, mas como não tenho a certeza...). No final de Abril ou princípio de Maio de 2010 as mesmas pararam pois daí a umas semanas o Papa viria a Lisboa e realizaria ali, naquela praça, uma missa.
Veio o Papa, foi-se o Papa mas quanto a retoma de obras, nada! As imagens que se seguem falam por si. Apenas coloquei legendas para melhor esclarecimento do que ali está.

O topo norte, que, como vêem comparando com o post de há um ano, se encontra praticamente na mesma!

Numa obra que dizia ser para devolver a praça às pessoas, é estranho que só tenha encontrado estes dois bancos. Antes das obras havia bastantes destes na praça central, onde antes houve o parque de estacionamento.

Mas também, sejamos sinceros, colocar bancos numa torreira destas que nem uma sombra tem...
Voltemos ao topo norte...
Devido à obra, a Carris foi forçada a retirar os carris do lado nascente, onde durante décadas existiu o terminal do eléctrico 18, mais tarde substituído pelo 15. Da retirada desses carris ficou esta linda cicatriz no piso do topo norte.
Da bela calçada portuguesa que ladeava a placa central sobrou muito pouco e mesmo esses pequenos troços apenas em zonas que não chegaram a ser intervencionadas!


 O passeio que ladeia a placa central está num belo cimento que no caso do topo norte termina subitamente na zona onde termina a linha desviada usada pelos eléctricos da Carristur, sensivelmente em frente à Rua Augusta.

No canto noroeste, junto à esquina com a Rua do Arsenal, ao lado da esplanada ali instalada, o solo "mereceu" este revestimento! Simplesmente lindo!

Falando em piso... Nesta passagem de peões, os referidos deverão prestar atenção ao trânsito de eléctricos ou ao chão que pisam?

Vamos mas é para o rio, que sempre deve estar mais fresco.
Antes das obras a praça era a direito, agora forma uma lomba que quase tapa metade das colunas do cais do mesmo nome! Mas para quê aquela lomba?

 Ah, é para que se pudesse criar esta zona em escada, com quatro degraus! Carrinhos de bebé e cadeiras de rodas façam o favor de ir até um dos extremos da praça se quiserem atravessar para o lado do rio!
Os tais degraus junto à nova passagem de peões em direcção ao Cais das Colunas.
 E por falar nisso, vamos dar uma vista de olhos ao rio. Para o lado do Campo das Cebolas...
 ... está diferente! Pode ser que para o outro lado, para o Cais do Sodré, a coisa melhore...
... ah, não, não melhorou! Mas não havia forma de tirar dali aquele bloco de betão?
Vou mas é voltar para trás!

Que engraçado! Aquele empedrado assim será para reduzir a velocidade dos automóveis, para torcer os pés dos peões ou simplesmente porque quem o fez não sabia da arte? Adiante...
Lembram-se de uma estação de correios que havia no Terreiro do Paço? Ainda existe, mas agora na Praça do Munícipio, nestas lindíssimas e modernas instalações!
 Na porta do edíficio que se encontra ao fundo, do lado esquerdo da fotografia, vê-se esta cartaz, onde o vermelho-CTT já está num estranho tom laranja-amarelado a cair para o branco!

Seja como for, visto assim o Terreiro do Paço até nem fica feio.
Pena é vermos as coisas de perto e olhar para o resto da Baixa que, com este Terreiro do Paço, acabou por ficar ainda mais vazia do que já estava.

E, para terminar, aqui ficam as fotos e os nomes dos autores políticos e morais de tão grande obra!
 António Costa, político
José Sá Fernandes, embargador de obras dos outros
Manuel Salgado, arquitecto

5 comentários:

  1. Boa reportagem.
    É uma tristeza! E muitas destas coisas
    não seriam objecto de reparo se tivesse
    existido apenas um pouco de competência.
    M.Júlia

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  2. Competência e também paciência!
    É que sempre que olho para toda aquela zona, desde o Campo das Cebolas ao Cais do Sodré (onde se inclui a Pr. Comércio) a ideia com que fico é que houve muita pressa e uma grande impaciência em acabar com o que havia antes, mas sem se saber o que fazer depois com aquele espaço, tal como aconteceu noutras eras e noutra zona, também ali perto, mas mais para o interior, a antiga Baixa Mouraria, actual Martim Moniz.

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  3. Que grande falta de educação da minha parte, M. Júlia!
    Obrigado pelo "boa reportagem". Confesso que a CMLisboa me facilitou bastante a vida!

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  4. Gostei imenso da reportagem, como escreve a leitora M.Júlia.
    Impressionante a quantidade de detalhes que revelam maus acabamentos, erros de concepção, etc. No entanto, pareceu-me que a CML "investiu" e tentou qualificar esta Praça, tornando-a um espaço pedonal, nomeadamente. É no minimo paradoxal...

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  5. Obrigado pelo comentário.

    Por ser difícil de "pôr em fotografia", não me referi aos atrasos nos transportes públicos causados pelo novo esquema de circulação existente na Baixa de Lisboa. Ainda por cima os interfaces que sempre existiram entre autocarros e barcos no Sul e Sueste deixaram de existir.
    Infelizmente esta situação não é única na cidade! No Arco do Cego, depois de se ter feito uma estação de metro onde sempre houve paragens da Carris, a CMLisboa resolveu desviar as carreiras que ali passavam para artérias paralelas à Duque D'Ávila, deixado de haver uma ligação rápida e funcional entre Carris e Metro!
    É triste!

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