terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Puritanismocracia

O que é que se passa neste país? No espaço de alguns dias houve dois casos de censura por suposta pornografia em local público. No primeiro desses casos, relativo a um carro alegórico em Torres Vedras que, parodiando o PC Magalhães, mostrava imagens suspostamente ofensivas, o problema acabou por ser ultrapassado pelo próprio tribunal que o tinha criado, ao emitir segundo parecer (ou lá como se chamam as coisas emanadas por estas entidades) a contrariar o primeiro.
Hoje surgiram notícias de um segundo caso. Agora foram agentes da PSP que apreenderam cinco exemplares expostos numa feira do livro em Braga do livro "Pornocracia" e cuja capa é ilustrada por uma reprodução do quadro "A origem do Mundo" de Gustave Curbet, de 1866 e pertencente à colecção do Musée d'Orsay, Paris.
Fica a imagem da polémica e faço votos de que não me "matem" o blog por difundir tal imagem. Afinal de contas há muita gente para quem um nú feminino é mais chocante que ver todos os dias imagens
de atentados e respectivas vítimas estropiadas, ficar a conhecer a ementa da festa de anos de Mugabe ou ver as degradantes imagens de seres humanos a rastejar na Cova da Iría!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Conto de Carnaval


Nesta altura do ano recordo-me sempre de uma história que o meu avô materno me contou certa vez.
É uma história ligada à História e passou-se em Santa Eulália, aldeia do concelho de Elvas, no final dos anos 1930, em plena guerra civil espanhola e precisamente no Carnaval.
Aqueles eram tempos duros, tempos em que as pessoas aproveitavam todas as festividades que "apareciam no calendário" para atenuar a rudeza da vida. Por cá viviam-se os primeiros anos do Estado Novo e a poucos quilómetros dali, do outro lado do Rio Caia, morria-se pela defesa da democracia.
Badajoz ficou muito cedo nas mãos dos nacionalistas de Franco e esse facto, juntamente com a existência de uma linha ferroviária que ligava a Portugal (a Linha do Leste), fez com que essa cidade extremenha se tornasse numa das portas de chegada dos abastecimentos para as forças franquistas.
Ora, num dos muitos comboios que circularam nesses anos entre Portugal e Espanha ocorreu um incêndio num ou vários vagões, coisa muito comum naqueles tempos do locomotivas vaporosas e de vagões de madeira, precisamente no ponto em que a Linha do Leste passa junto a Santa Eulália. Desconheço se os vagões foram esvaziados pelos ferroviários numa tentativa de salvar o máximo possível de mercadorias ou se foi a população que aproveitou a confusão para se dedicar ao saque, mas o que é certo é que houve caixas que acabaram fora da composição.
Numa dessas caixas vinham balões, o que até dava jeito, já que, e como disse, se estava no Carnaval e os balões sempre serviam para enfeitar o local do bailarico. Em menos de nada toda a gente andava de balão na boca, desde o bebé do jornaleiro à senhora do lavrador. Aquilo era uma festa. O que era estranho eram aqueles balões. Primeiro para quê mandar balões para uma guerra e depois qual seria a razão para que aqueles balões não fossem arredondados, como os outros, mas assim para o cilíndrico? E qual a razão de aqueles balões terem que vir untados de pó-de-talco? Que raio de borracha seria aquela?
Como já devem ter calculado, o conteúdo daquela caixa não era propriamente composto por balões, mas a ignorância da maioria daquela gente quanto a métodos anti-concepcionais era grande. E assim, lá andavam todos a soprar no balão, para gáudio e chacota dos poucos que sabiam do que se tratavam aqueles estranhos balões. E quando o alguém lhes explicou o que eram aqueles "balões" não valia de nada fingir que "ainda bem que eu não caí nessa": é que o tal pó-de-talco que mantinha os "balões" em condições marcava de forma indiscutível quem tinha andado com a boca naquilo!
Depois deste episódio Santa Eulália terá ficado conhecida em toda a Linha do Leste como a "Terra dos Balões", pelo menos enquanto a memória o permitiu.
Outros tempos, em que tudo servia para atenuar a dureza da vida daquela zona, marcada pelo Estado Novo e pelos ecos dos bombardeamentos que chegavam do outro lado da fronteira, autêntico ensaio geral daquilo que viria a acontecer pouco tempo depois no resto da Europa.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Que alívio

Tenho andado preocupado com as alterações de trânsito na zona do Terreiro do Paço e nas consequências que isso trará para a minha vida nos próximos 4 meses (não mais que isso porque aquela obra vai acabar dentro do prazo!). Tento imaginar o que será o meu regresso a casa todas as 2ªs, 4ªs e 6ªs quando vier da natação e só consigo visualizar um caos completo!
Mas hoje fiquei esclarecido. No 759 ia um motorista da Carris à boleia que ia a explicar a uma passageira o que se iria passar nos próximos quatro meses. Para rematar a explicação afirmou:
- Preparem-se para a confusão! Chegam à paragem e podem ficar à espera 20, 30, 45 minutos!
Uau! E eu que pensava que as coisas iam piorar. Afinal vai ficar tudo na mesma!
Fiquei logo muito mais descansado!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Discriminação

Todos nós condenamos todo e qualquer acto discriminatório, mas só quando sentimos na pele o que isso é, é que percebemos o que sentem todos aqueles que vivem sempre a ser discriminados.
Hoje senti-me discriminado. Nem foi por nada de especial nem um caso muito grave, mas deu para ver como é ser discriminado.
Quis ir a um supermercado (que, para o caso, não interessa qual). Levava uma mochila às costas com a tralha da natação (à qual e por acaso, ou talvez não, acabei por não ir). Ao entrar no supermercado ouvi a segurança chamar-me. Dirigi-me até ela e reparo que já estava com uma etiqueta na mão pronta a ser colada na minha mochila.
"Era o que faltava." - pensei eu.
Questionei-a se aquilo era para colar na mochila e se eu não podia entrar com ela. Poder até podia, mas tinha que a encher de autocolantes. Como é que a senhora ia fazer tal coisa numa mochila com 3 ou 4 compartimentos separados, cada um com o seu fecho é coisa que desconheço, mas eu imaginei logo a mochila toda besuntada com a porcaria daquela cola e o trabalho que me daria a limpar aquilo.
"Mas isto é discriminação?" - pensarão vocês.
"É discriminação!" - esclareço eu.
É que enquanto isto se passava deu para reparar na quantidade de senhoras que entravam sem qualquer problema, apesar de transportarem as suas malas de mão, algumas tão grandes quanto a minha mochila, sem que tal facto provocasse qualquer reacção naquela e noutros seguranças.
Seja como for consegui salvar a minha mochila de um ataque de cola.
Claro que isso foi conseguido à custa da compra que ficou por fazer. Talvez numa próxima...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Meninas e meninos, senhoras e senhores...

... o Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrraaaaaaaaaaaaaaande Ciiiiiiirco Costaaaaaaaaaaaa apreseeeeeeeeeenta o Fenomenal, o Fabuloso, o Divinal

Fim da Baixa de Lisbooooooooooooooaaaaaaaaaaa

Agora a sério, querem ver? Querem? Vejam aqui!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Aos Domingos...

Ontem tentei ir ao Barreiro dar uma mãozinha à maquete instalada para a exposição comemorativa dos 150 anos do caminho-de-ferro a sul do Tejo, mas não consegui. Só deu para chegar à estação do Sul e Sueste!
Ao chegar lá (por volta das 13:30 cerca de 20 minutos antes da hora de partida do barco) deparei-me com a bilheteira fechada, apesar de o horário afixado indicar que a mesma estaria aberta desde as 8 da manhã (ou coisa parecida) até às 18 (ou por aí). Esperei 10 minutos. Ao fim desse tempo fui ter com um segurança que tinha estado a enviar outros passageiros para a máquina automática e perguntei-lhe se a bilheteira abria. Respondeu-me:
- O homem foi almoçar, só volta daqui a 10 ou 15 minutos.
- Mas daqui a 10 minutos parte o barco.
- Pois. Tem a máquina!
- Mas eu preciso mesmo de ir à bilheteira porque o meu bilhete (de funcionário da CP) não se vende na máquina!
Acabou o diálogo.
O barco seguinte saía 30 minutos depois deste. Resolvi então aproveitar o grande "Aos Domingos o Terreiro do Paço é das Pessoas" (acho que é esse o nome). Mais uma vez lá vi um monte de bancas a vender a mesma tralha que nos outros dias se vende na Rua Augusta, mais umas quantas bancas de moedas e selos e outras de livros sem qualquer interesse. Pelo meio havia "animação de rua" com uns palermas a andar em comboiozinho e com uns apitos nos beiços e que de vez em quando se punham a andar à roda dos poucos transeuntes que lá andavam (perdidos, à procura das paragens dos autocarros, deslocadas devido aos cortes de trânsito). Optei por tentar ver a exposição existente no Páteo da Galé sobre a reconstrução de Lisboa. Entrei, comecei a ver a exposição e de repente surge um segurança:
- Não pode estar aqui!
- Não posso?
- Não pode!
- Então porquê? A porta está aberta, até têm um placard a anúnciar a exposição!
- Estamos em obras. Só abre amanhã!
- Bem, nesse caso é pena. A única coisa que interessava no meio desta macacada toda era mesmo só a exposição. Boa tarde, então!
Feito isto resolvi meter-me no primeiro autocarro que aparecesse e que passasse em Xabregas e enfiar-me em casa.
Aos Domingos... NUNCA MAIS!