quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Planeamento

Ultimamente tenho assistido a exemplos de mau planeamento que me fazem ficar com dor de cabeça.
Começando por Alcântara, derrubou-se ou desmantelou-se a passagem pedonal ali existente e que permitia uma ligação mais rápida e facilitada entre as estações ferroviárias de Alcântara-Mar e Alcântara-Terra. A razão para isso foi uma quimera chamada de "Nova Alcântara" que, aparentemente e pelo que percebi do pouco que que vi do último debate do programa da RTP Prós e Contras, nem se sabe muito bem como vai ser. Segundo alguns dos intervenientes desse programa, a ligação ferroviária entre as duas estações/linhas pode nem sequer vir a ser feita devido a sua inexequibilidade! Nesse caso, e como eu disse anteriormente, qual o motivo para terem desmantelado aquela estrutura? E qual a qualidade de vida e a segurança obtida com isso pelos milhares de passageiros que usam aquela ligação diariamente. Ainda ontem tive que fazer aquele trajecto e gastei metade do tempo dispendido apenas para atravessar a Rua Prior do Crato, isto porque naquele cruzamento ,e para quem venha do ou queira ir para o lado de Alcântara-Mar, não existe uma passagem de peões do lado da estação!
Avançando uns quilómetros para oriente vamos agora até Xabregas. Aí foi construído, como eu também já referi, uma ampliação do Terminal de Contentores de Santa Apolónia (TCSA) e feita uma renovação da operação no Terminal Multipurpose do Beato (TMB) que incluí investimento em equipamento (novas gruas) que não será propriamente barato. Existia já na altura também o terminal de cereais o qual tem um movimento apreciável.
Pois bem, nem 10 anos depois de tudo isto apareceu a famosa terceira travessia do tejo (TTT) em Lisboa, a qual passará precisamente entre o TCSA e o TMB. Logo à partida houve vozes que se questionaram sobre o impacto dessa ponte na operação portuária daquela zona, tendo a resposta para isso sido, nessa altura, mais obras no TCSA! Agora aparece a CMLisboa a propôr uma alternativa à chegada da ponte a Lisboa, a qual passa pela construção de um túnel do qual sairá a ponte propriamente dita. Isto implica um abaixamento do tabuleiro da TTT em cerca cinco metros face ao previsto anteriormente, ficando a TTT mais baixa que a Vasco da Gama, que se encontra a montante, situação essa já existente no projecto anterior. Temos assim várias situações que poderiam ser anedóticas caso não fossemos nós a pagá-las:
  1. Quando se construiu a Vasco da Gama fez-se uma ponte mais elevada, pagando-se mais por isso, altura essa que, pelos vistos, num futuro próximo não irá servir para nada;
  2. Investiram-se milhões de euros em instalações e equipamentos para revitalizar aquela zona portuária (incluindo o viaduto de Santa Apolónia para ligação ferroviária ao porto) que agora correm o risco de ficarem sub-aproveitados ou desaproveitados de todo.
Com isto tudo até me esqueci de dizer que estamos a falar de um país como Portugal, onde os governantes nos dizem constante e sistematicamente que o dinheiro não chega para tudo, mas que se permite dar ao luxo de proceder a este tipo de planeamento sem cabeça nem nexo!

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